Os astros de salto alto
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de setembro de 1983
No elenco de "Salto Alto" (auditório Salvador de Ferrante, 21 horas), a
elogiada montagem que Nitis Jacom fez da peça de Mário Prata - e que na
próxima semana estará concorrendo no festival de teatro amador, em Ponta Grossa - estão nada menos que 20 intérpretes. Produçãoo do grupo Proteu, da Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina, esta debochada sátira que tem justamente
teatro brasileiro - no período 1953/83 - como tema, revela novos talentos. Uma delas é Célia Maria Borega, jornalista e atriz. Como registramos ontem, na original revista-programa, todos os intérpretes são apresentados de uma forma muito bern humorada Por exemplo, de Lucinha (Ana Lúcia Barroso), se diz: "Protegida da diretora, galgou rapidamente os degraus da fama alçando-se à categoria de melhor atriz nacional. Por democratismo do grupo (atitude muito em moda hoje em dia), na próxima peça ela será camareira de Fernanda.
Como psicóloga, é uma excelente atriz". Já o ator Zeca (José Carlos Cenovicz) é definido como "advogado e heterossexual hesitante optou pelo teatro como forma de não ter que decidir nada, pelo menos por enquanto". Mais divertido ainda é o "curriculum" do ator Poka (Nilton Marques):
"Heterossexual convicto, atribui seus ademanes de pio e plumagem ás caracteristicas de seu signo (Sagitário). Alcoólatra inveterado, à força de exercitar seu talento de ator nas madrugadas do Valentino, insiste em classificar-se como "elitista social".
Mas a gente sabe... Teve de submeter-se a regime dietético intensivo a fim de emagrecer 20 quilos para poder interpretar o protótipo do ator brasileiro fracassado". De Fernanda (Maria Fernanda Coelho), leonina, o programa diz: "Nesta montagem, o teste decisivo para sua aprovação foi conseguir equilibrar-se, por cinco minutos, num salto alto durante o último terremoto".
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Como se vê, o bom humor desta montagem já está no programa. E a peça recebeu elogios da crítica carioca, na recém-encerrada temporada no Teatro Glaucio Gil. Merece ser prestigiada.
JAIR Mendes, pintor e desenhista de méritos, ativíssimo diretor do Museu Guido Viaro, preparando urna individual para a galeria Cocaco, dentro de algumas semanas. O bom Jair está sorrindo bastante, pois seus trabalhos começam a ser
valorizados. Uma prova disto é que há até gente falsificando seus desenhos. Noites destas no bar "Retranca", junto ao Sindicato dos Jornalistas, um desenho atribuído a Jair - com todas as suas características -, foi leiloado e acabou sendo levado por um conhecido jornalista e colecionador de obras de arte.
Depois de Bakun, Viaro e Traple, agora os falsificadores de arte se voltararn para Jair Mendes. O que significa que ele tem mercado.
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