Os bons tempos com os melhores lançamentos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de janeiro de 1987
Em 24 anos, dois meses e 14 dias quantos filmes terão sido exibidos no cine Vitória?
Impossível uma resposta exata, embora um cálculo aproximado - considerando uma média de 40 títulos por ano (já que muitos permaneceram várias semanas em cartaz) temos mais de 1.100 filmes - uma razoável parte da produção cinematográfica destas últimas três décadas, já que raramente filmes antigos ali tiveram lançamento. O Vitória surgiu com a categoria de cinema classe A, que a Orcopa, organização exibidora liderada por anos pelo experiente Ismail Macedo (há anos afastado da cinematografia), construiu em associação com a família Johnscher, para dividir com o Ópera (que inaugurado em julho de 1942, com "Tudo Isso e o Céu Também", encerraria suas portas em janeiro de 1979, com a reprise de "Deus, Como Te Amo"), para o público classe A. Dois anos depois, quando a Orcopa se desfez de seus cinemas, o Vitória passou para o grupo Zonari (Fama Filmes), mas antes negociado, por um curtíssimo período, com os exibidores Francisco Verde Martinez e, posteriormente, o ponta-grossense Jorge Miguel Azu.
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Durante décadas, os cinemas lançadores da cidade se dividiam entre as grandes produtoras dos anos de ouro do cinema americano: os filmes da MGM eram exclusividade do Ópera, os da 20th Century Fox do Avenida, os da Warner e Paramount do Palácio. Já o Vitória adequou-se a novos tempos, em que as chamadas majors (as grandes produtoras), começaram sua fase de declínio, substituídas por produções independentes. Por sua capacidade e conforto, o cinema esteve sempre reservado para as melhores estréias, com as grandes bilheterias. Não há, para consulta imediata, uma indicativa de qual o filme de maior bilheteria mas, de memória, João Aracheski, executivo da Fama Filmes, lembra que "O Exorcista" (The Exorcist, 73), de William Friedkim, foi dos filmes que mais rendeu. "Calígula", de Tinto Bras - quando liberado pela Censura - também emplacou rendas imensas.
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Vendido o prédio, finalmente, ao governo do Estado, através de negociações conduzidas pela Secretaria da Indústria e Comércio, o Vitória será totalmente reformado para sediar um Centro de Convenções, com uma área de aproximadamente 8 mil metros quadrados, conforme estudo preliminar do arquiteto Luís Forte Neto, aqui já registrado em detalhes.
A partir de amanhã, iniciam as operações de retirada da cabina de projeção - com um ótimo aparelho que opera em 35 e 70mm (aliás, o Vitória foi o primeiro cinema a ter essa bitola).
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