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Aramis

Comédias e reprises em época de férias

Julho começa com a reprise do clássico da nostalgia - Casablanca, de Michael Curtiz, produção de 1942, e que há quase 50 anos resiste ao tempo como exemplo melhor do cinema romântico. Seu relançamento, em cópia nova, no cine Itália, faz parte do esforço de João Aracheski, executivo da Fama Filmes, em transformar aquela sala numa espécie de "Paissandu Nostalgia" local, a exemplo do que ocorre no Rio de Janeiro. Depois de Casablanca, serão reprisados Roma, 1972, de Fellini - um dos menos conhecidos filmes do mestre italiano - e Quanto mais Quente melhor, 1959, de Billy Wilder. Vamos ver o público comparecer! Cotton Club, um dos melhores filmes do ano, não teve boa bilheteria e saiu de cartaz. Atendendo a reclamações, Aracheski promete reprisá-lo, a partir do dia 10 no Cinema I - embora a renda obtida na semana em que foi apresentada no Astor tenha sido mínima. Mais uma vez, a "inteligente" (quá, quá, quá) platéia curitibana dá o recibo de insensibilidade frente a um filme de valor. A semana tem poucas estréias e muitas reprises. E naturalmente, programação de censura livre, pois a garotada está em férias. TRAFICANTES DE ARMAS Jornalista corajoso, que já denunciou o submundo do petróleo ("As Sete Irmãs") e da agiotagem dos banqueiros ("Os Credores do Mundo"), Anthony Sampson volta-se para os fabricantes de armas que fazem fortuna promovendo guerras no corajoso "Os Vendedores de Armas" (Editora Record, 406 páginas, Cz$ 124,90). Pois esta temática que Sampson descreve de forma séria em seu livro - lançado há poucas semanas no Brasil, em tradução de Heitor Herrera - é tratado em rítmo de comédia por William Friedkim em uma "Uma Tacada da Pesada" (The Deal of Century), em exibição no Astor. Bom fotógrafo, diretor nem tanto, William Friedkim ficou famoso com "Operação França" (1971) e "O Exorcista" (1973). Entretanto, na comédia não tem se saído muito bem, mas assim mesmo vale a pena verificar este "Uma Tacada da Pesada", que no elenco traz o nem sempre entendido comediante Chevy Chase, a bela Sigourney Weaver (lembram-se dela em "Alien"), e o ator-bailarino Gregory Hines, que depois de "O Sol da Meio Noite" e "Cotton Club" começa a se tornar conhecido no Brasil. A trilha sonora é de Arthur B. Rubinstein - por favor não confundir com o famoso pianista Arthur Rubinstein. Há um "B" para diferenciar.. Há duas canções na trilha: "Someone To Watch Over Me" na voz de Nikka Costa e "Shine", em interpretação de Maxime Waters, Julia Waterns e Clydene Jackson. A COMÉDIA IRREVERENTE Se não fosse uma produção supervisionada por Steven Spielberg, com toda a parafernália de recursos especiais que marcam suas realizações, UM DIA A CASA CAI (cine Condor, desde quinta-feira) poderia parecer uma comédia ao estilo pastelão - como aquelas dos tempos de Mack Sennett e da Keystone Productions. Entretanto, o toque de Midas do diretor de "ET" (que por sinal, em cópia dublada, será reprisada também neste mês), faz com que "The Money Pit" adquira encanto especial. É uma comédia simples, sobre as confusões que um casal enfrenta para reformar um velho casarão - ao mesmo tempo que o ex-marido (interpretação de Alexander Godunov, o loiro coadjuvante de "A Testemunha") tenta reconquistar a mulher, a violonista Anna (Shilley Long) que vive com um advogado de bandas de rock, Walter Fielding (Tom Hanks). O elenco traz novos intérpretes - exceto a veterana Maureen Stapleton (Oscar de melhor coadjuvante em "Reds") e há uma atração especial para quem, anos atrás, conheceu um simpático adolescente, filho de pais romenos, que viveu em Curitiba e chegou a trabalhar na Copel: Radu Terner. Como informamos no domingo passado, Radu, 39 anos, hoje vive nos EUA, atuando em cinema e teatro (fez várias peças na Broadway), em Nova Iorque. Em "Um Dia A Casa Cai" tem uma curta aparição. DE CINDERELA A HERMAN Quem disse que os desenhos animados desapareceriam devido aos novos códigos e processos de informação nesta era da informática? Resistem ao tempo, tanto é que os novos executivos da Walt Disney Productions querem até apressar a produção de longas-metragens, embora os antigos continuem a render milhões de dólares em suas reprises. Por outro lado, novos heróis aparecem - como He-Man e She-Ra, que dos curtos desenhos na televisão, ao meio-dia, ganharam agora um longa-metragem - "O Segredo da Espada", em lançamento nacional, há duas semanas, com cópia dublada em português (em Curitiba, em exibição no Palace-Itália). Produzido por Lou Schelmer, sua realização ocupou uma grande equipe, com nada menos que cinco diretores: Ed Friedman, Lou Kachivas, Mersh Lamore, Bill Reed e Gwen Wetzler. Interessante comparar o desenho futurista, avançado de "O Segredo da Espada", com o tradicional saído dos estúdios de Walt Disney (1901-1966), que pode ser visto em "A Gata Borralheira" (Cinderela), realizado há 36 anos passados - e em reprise no Lido II. Depois de "Branca de Neve e os 7 Anões" (1937), Disney produziu clássicos desenhos de longa-metragem - "Fantasia " (1940), "Dumbo" (41), "Bambi" (42), "Bongo" (47) - numa sucessão de êxitos que se manteria mesmo após a sua morte. "Cinderela", baseado no clássico de Charles Perrault, foi dirigido por Wilfred Jackson, Hamilton Luake e Clyde Geronimi, com uma equipe imensa. A direção musical foi de Oliver Wallace e Paul Smith, com canções de Mike David, Jerry Livingston e All Hoffman. A versão brasileira foi realizada por João de Barro e Gilberto Souto. FEMINISMO GERMÂNICO Após uma expressiva mostra de filmes realizados por cineastas alemães - que se encerra neste domingo, na Cinemateca com "La Ferdinanda" (1981, de Rebeca Horn), temos também a chance de conhecer outro lado do feminismo alemão em Utopia, de um misterioso Shrab Shahid Saless. Produzido na República Federal da Alemanha, com elenco de nomes deconhecidos - Manfred Zapatka, Imke Barnstedt, Gundula Petrovska, Sohanna Sophia e Birgit Anders - é apresentado como "um filme sobre a saudade e poder", em torno de um grupo de mulheres exploradas e que decidem se revoltar. Sem maiores referências, a verificar por quem dispõe de tempo: No Groff, 4 sessões. OUTROS PROGRAMAS Hoje, às 10h30min, duas opções para quem "madrugar": no Groff, "Sou ou não Sou", deliciosa comédia de Mel Brooks, com bom elenco: Anne Bancroft, Tim Matheson, Charles Durning, José Ferrer e o próprio Brooks. No Luz, uma comédia country - "O Clã dos Seis", de Daniel Petrie, com o cantor Kenny Rogers e a bela Diane lane - a estrelinha favorita de Coppola e vista na semana passada, em papel de grande destaque, no "Cotton Club". "Crimes da Paixão", de Ken Russel - vigoroso filme sobre sexo, violência e neuroses - continua no Ritz. Excelentes atuações de Tony Perkins, Kathleen Turner e de um novo ator, John Laughlin. "A Hora do Espanto" continua com ótimo público no Vitória. "Eu Sei que Vou Te Amar" resiste no cinema I, enquanto que Os Trapalhões e O Rei do Futebol, atraem o público infantil no Lido I e São João. Para a próxima semana, a Cinemateca tem programado boas reprises: "Guerra Conjugal", 1974, de Joaquim Pedro de Andrade, na terça-feira. "Uma Pulga na Balança" (que a Globo Vídeo acaba de lançar), comédia que Luciano Salce realizou em 53, será reprisada na terça-feira, dia 15, na Cinemateca - após uma mostra do dinema da República Democrática da Alemanha, que se estenderá dos dias 10 a 13, e que inclui filmes de cineastas da RDA, desconhecidos no Brasil, como Walter Jeynowski e Gerhard Scheumann.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Seção de Cinema
7
06/07/1986

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