Fim da Copa traz as boas estréias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de junho de 1986
Coincidência ou não com a desclassificação do Brasil na Copa do Mundo, o fato é que a programação dos cinemas começa a ser incrementada com muitas opções. Entre lançamentos, reprises e continuações há pelo menos meia dúzia de programas imperdíveis.
De princípio, temos dois filmes em torno de eventos musicais, ambos precedidos de boas críticas: a cinebiografia da cantora country Patsy Cline, morta há 30 anos num acidente de aviação, e que na interpretação de Jessica Lange em "Um Sonho, Uma Lenda" (Cine Condor, a partir de hoje) lhe valeu a indicação ao Oscar de melhor atriz-86 (perdendo para Geraldine Page).
"Cotton Club", a superprodução de Francis Ford Coppola, que mais uma vez estourou orçamentos, gira em torno do tempo do jazz nova-iorquino, que durante os anos 20/30 tinha em seu palco as maiores figuras do jazz. Com Richard Gere e Gregory Hines (o bailarino negro, visto recentemente em "O Sol da Meia-Noite") à frente do elenco, a história envolve gangsters, amores e, especialmente muita música - no estilo das big bands, cuja trilha sonora, foi lançada pela CBS há 2 meses.
"Com a estréia de "Cotton Club" no Astor, "Eu Sei Que Vou Te Amar", de Arnaldo Jabor passa para o Cinema I, onde deverá prosseguir em cartaz por mais algumas semanas - já que, surpreendentemente, o público continua a prestigiar este filme intimista e profundo.
Neuras e erotismo
Com muitas cenas eróticas - mas não pornográficas - um bom roteiro (Barry Sandler) e a sensibilidade do inglês Ken Russell, "Crimes de Paixão" (Cine Ritz, 5 sessões) é outra estréia auspiciosa, de visão obrigatória.
Kathleen Turner, que estreou mostrando sua sensualidade em "Corpos Ardentes" e, posteriormente, foi a ingênua mocinha de "Tudo por uma Esmeralda", tem aqui o papel mais difícil de sua carreira, vivendo uma estilista de moda que, a noite, se transforma em prostituta. Um filme denso, com toques psicológicos e que dá a Tony Perkins chance de interpretar, novamente, o tipo de personagem com quem mais se identifica: um neurótico.
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As sessões da meia-noite do 8'th Street Play House, em Greenwich Village, em Nova Iorque, já constam até dos roteiros turísticos. É que as sessões ali realizadas, com cult movies, têm uma intensa participação da platéia que, especialmente no "Rock Horror Show", integram-se a projeção, fazendo mímica, cantando e repetindo os diálogos dos atores e atrizes. Sem tanto entusiasmo, as sessões da madrugada do Cine Groff podem também se transformar numa versão tupiniquim do cinema nova-iorquino.
Há um mês, a reprise de "O Exorcista" atraiu tantos jovens que o religioso Chico teve que programar duas sessões. Agora, neste sábado, Chico estará ali exibindo o próprio "The Rocky Horror Picture Sho", de Jim Sharman, musical terrorífico que se transformou no mais famosos cult-movie americano nestes últimos anos. Com Tim Curry, Susan Sarandon e Barry Bostwick na frente do elenco, "Rock Horror Show" não chega a ser um musical - mas tem uma trilha sonora incrementada, com canções de Richard O'Brien.
O filme antes de tudo é uma curtição que a garotada adora e que deverá garantir casas lotadas entre as 24 horas e 2 da manhã neste sábado. Quem desejar assistir "Rock Horror Show" com mais tranquilidade poderá ir domingo pela manhã (10h30min).
Alternativas
No domingo, às 10h30min, no Luz, um filme que passou despercebido no ano passado, em programa duplo no Morgenau: "O Clã dos Seis", de Daniel Petrie. A atração é a presença como ator do mais famoso cantor country americano - Kenny Rogers, já com vários Lps editados no Brasil pela Odeon.
Dentro da programação paralela, hoje, às 20h30min, na Cinemateca, uma chance de quem ainda não viu, conhecer "Maldita Coincidência", o filme udegrudi que o ponta-grossense Sérgio Bianchi conseguiu concluir em 1981, com Sérgio Mamberti, Lélia Abramo, Maria Lúcia Vergueiro, Rodrigo Santiago e outros bons artistas. Este filme, bastante elogiado pela crítica, inaugurou, em 82, o cine Groff.
Amanhã e domingo, a Cinemateca reprisa um clássico do cinema alemão: "O Anjo Azul", 1930, de Josef Von Sternberg, com Marlene Dietrich (sensualíssima cantando "Lili Marlene") e Emill Janings.
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Ainda na programação, outras reprises interessantes: "1984 de Orwell", de Michael Redford, com Richard Burton (em seu último trabalho no cinema), John Hurt e Suzanna Hamilton volta no Cine Luz. "Mamãe Faz 100 Anos", onde Carlos Saura recupera personagens de "Cria Cuervos" - está agora em exibição no Groff.
Para a garotada
As férias chegaram e não poderia deixar de acontecer a estréia de um novo filme dos Trapalhões: agora dividindo o estrelato com Pelé e Luiza Brunet em "O Rei do Futebol", dirigido pelo mestre das chanchadas da Atlantida, Carlos Manga - em exibição simultânea no São João e Lido I (a partir de amanhã). Para a garotada, também, o Palace Itália lança "O Segredo da Espada", desenho animado em longa-metragem, inspirado nos personagens He-Man e She-Ra. Outros filmes de censura livre também devem pintar em julho.
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