Os dias dourados da loira crooner Doris
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de março de 1991
Loira, sardenta, típica beleza pasteurizada americana dos anos 40, Doris Day (Doris Kappelhoff), 67 anos a serem completados no dia 3 de abril - foi, durante pelo menos 15 anos, maldosamente chamada de "a eterna virgem" do cinema americano - pelo tipo de personagens que interpretou na maior parte de sua carreira. Assim como Rock Hudson (1925-1985), com quem, aliás, dividiu seus últimos sucessos ("Confidências à Meia Noite", "Não me Mandem Flores", "Volta meu Amor") - e que hoje tem se realizado como ator (e não apenas carimbado de canastrão), Doris Day ainda vai merecer uma justa reapreciação. Nana Caymmi, a nossa mais sensível cantora, sempre se confessou fã de Doris: "Ela foi uma mulher extraordinária: com a imagem jovial, alegre, sempre com um repertório up, jamais deixou passar seus dramas - saúde, um marido pulha que a roubou, etc., etc.".
Nana tem razão. Doris Day com seus filmes água com açúcar (embora entre eles alguns esplêndidos musicais) tem sido pouco reconhecida, inclusive como cantora (como atriz dramática, mostrou o que sabia fazer em "Julie" e "O Homem que Sabia Demais", este de Hitchcook, ambos de 1956) e show-woman. Por isto, é interessante reapreciá-la em 16 faixas em seus verdes anos, a partir de 1939 quando começou a cantar com várias bandas - especialmente a de Les Brown, que por mais tempo a teve sobre contrato (em abril de 41, após ter casado com o trombonista Al Jorden, afastou-se por algum tempo, período em que nasceu seu primeiro filho). A imagem de Doris Day jovial, com canções como "Easy as Pie", "Let's be Buddies" (uma das menos conhecidas de Cole Porter), "Did it", de Johnny Mercer e a densa "The Last Time I Saw You" estão neste álbum em que a banda de Les Brown emoldura a personalíssima voz de Doris Day - tão diferente da estrela das comédias que fez na Universal nos últimos anos de sua carreira.
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