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Aramis

A suave música dos anos dourados

O pacote de dez álbuns - "The Best of Big Bands", editado pela CBS (LPs e CDs) não representa a única contribuição fonográfica para que se ouça novamente a música que fazia o mundo (ocidental) bailar a partir dos anos 20. Inúmeras outras edições ocorrem, mas, entre nós, é esta gravadora que tem feito os lançamentos mais regulares - embora na presente coleção tenham maiores informações das diferentes sessões. Para a maior parte do público a ausência destes dados não prejudica a audição. Aos experts, se torna um desafio identificar quem são os solistas em muitas faixas e, especialmente as vozes que se ouvem. Por exemplo, Sérgio Augusto, um especialista em cultura americana, grande formação musical, chamou atenção para a presença de Rosemary Clooney (uma bela voz, hoje desaparecida devido a problemas de alcoolismo) presente em duas faixas do álbum dedicado a Duke Ellington (1899-1974) - o maior de todos os jazzistas e cujo elepê sem dúvida, está anos-luz à frente de vários outros montados para esta fornada. Uma fornada que mistura big bands do primeiro time - Count Basie (1904-1984), Cab Calloway (1907-1988), Benny Goodman (1909-1986), Woody Hermann - com as de Glen Miller e outras que não atingiram o mesmo patamar: Sammy Kaye, Les e Larry Elgart e Les Brown. Claro que a seleção é de standards - pois basicamente a coleção destina-se à faixa que se inicia no gênero e não dispõe, ainda de muitas opções. Assim a orquestra de Hermann não dispensa seu prefixo "Caldonia", ao lado de "I've Got the World on a String" e "Apple Money". Duke Ellington comparece com clássicos como "Sophisticated Lady", "Moody Indigo" e "Satin Doll". Count Basie lembra "One O'clock Jump", "Hob Nail Boogie", "Squeeze Me" e "Jumping at the Woodside". Com o clarinetista Benny Goodman temos "Don't be that Way", "Air Mail Special" e "How Long has this Been Going On?". De Harry James, ao menos três temas que, ao vivo, mostrou em Curitiba, quando atuou no Guaíra: "Who's Sorry Now?", "Cotton Trail" e "Perdido". Harry, aliás, divide o disco com, saxofonista e clarinetista - com o qual faz alguns momentos brilhantes. Como Sammy Kaye, também os irmãos Larry (New London, Connecticut, 20/03/1922) e Les (New Haven, Connecticut, 3/8/1918), filhos de uma concertista de piano, o primeiro saxofonista, o segundo pistonista ambos maestro-arranjadores nunca chegaram ao panteão maior dos regentes de big bands - mas a música suave que sempre fizeram em suas orquestras - e um bom gosto na escolha dos repertórios - garantiu-lhes carreiras de sucesso - como mostram neste álbum nos quais estão desde um dos hits favoritos de Glenn Miller ("A String of Pearls") até standards de Ellington ("Mood Indigo"), a conhecidíssima "Poonciana" (Berbier-Simon) e "The Continental" (Magidson/Conrad), da trilha do filme "A Alegre Divorciada", que recebeu o Oscar de melhor música em 1934. Outros Les - o Lester Braynond Brown, comparece também com um repertório supimpa como se diria nos anos 50: "Sentimental Journey", "A Foggy Day" e "S'Wonderful", dos irmãos Gershwin; "Just One of Those Things", de Cole Porter; "I've Got My Love To Keep My Warm" de Irving Berlin e "All Through the Days" de Hamerstein/Jerome Kern. Precisa algo mais? É fechar os olhos, ouvir e sonhar.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
6
02/09/1990

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