Os Festivais no Interior
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de maio de 1974
A iniciativa dos quartanistas do curso de História da Faculdade de Filosofia, ciências e Letras de Guarapuava em realizar de 13 a 15 de junho um Festival da Canção, vem mostrar que o ciclo dos festivais, iniciado em 1965, ainda não está superado, embora agora tenha deixado o âmbito das grandes capitais para se deslocar a cidade do interior, tentando revitalizar a música regional e podendo, inclusive, revelar novos autores e intérpretes. A partir do I Festival de MPB da TV-Record, a fórmula idealizada por Solano Ribeiro, se multiplicou numa série de promoções semelhantes até chegar a um desgaste tão grande que as cadeias de televisão interessadas no início em suas realizações decidiram cancelar tais iniciativas. No interior, porém, a fórmula não deixa de motivar algumas faixas jovens, principalmente em cidades ainda em processo de desenvolvimento cultural. Em Londrina, existe uma promoção consolidada há vários anos, enquanto que no Sudoeste, Pato Branco realizou de 14 a 16 de dezembro último o III Festival Intermunicipal da Canção, que premiou com o Patinho de Ouro uma menina de 16 anos, Rita de Cássia, da cidade de Itajaí, SC, de imensa criatividade, com um samba ao estilo Bossa-Nova chamado "Maria Betânia". Infelizmente, apesar dos amplos recursos que conseguiram para a realização do Festival - inclusive sólida dotação da SEC, seus promotores não providenciaram a edição de um compacto com as músicas vencedoras, de forma que os resultados (positivos) praticamente se perderam na semana seguinte ao Festival. Que os rapazes que organizam o Festival de Guarapuava - em cuja comissão julgadora estão apenas professores locais e políticos - não caiam no mesmo erro... isto é, caso as músicas apresentadas tenham o mínimo nível artístico.
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