Os Nossos Senadores (II)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de novembro de 1974
Há 20 anos, a campanha para o Senado foi das mais acirradas, com nada menos que cinco candidatos disputando as duas vagas, na renovação de dois terços daquela Casa, em substituição aos senadores Roberto Glaser (187801958) e Flávio Carvalho Guimarães (1886-1969), eleitos em 1945, nas primeiras eleições após o Estado Novo (em 1947, para um mandato-tampão de 3 anos havia sido eleito Arthur Claudino dos Santos, substituído em 1950 por Othon Maeder (1895-1974), que venceu a Raul Vaz, candidato do PSD, com uma diferença de 73.248 votos). Disposto a recuperar-se da derrota de quatro anos antes, o PSD - então na oposição, já que o governador era Bento Munhoz da Rocha Neto (1909-1973) - lançou dois fortes candidatos - o ex-governador Moyses Lupion e o médico Alô Ticolat Guimarães, registrando-se com suplentes Gaspar Duarte Velloso , ex-Secretário da Educação e o próprio Alô Guimarães, ex-secretário da Saúde, que concorria, assim, duplamente. Pelo PR-UDN voltava a disputar uma vaga no Senado, Arthur Ferreira dos Santos (1894-1972), pelo pequeno mas de grande tradição Partido Libertador o candidato era o professor João Alves da Rocha Loures, que já havia sido candidato em 1945 (derrotado, com 38.022 votos, pela UDN) e pelo ainda pequeno PTB o candidato era Parailio Borba. Os resultados das eleições de 3 de outubro de 1954 confirmaram o prestígio dos pessedistas, com a vitória de Moysés Lupion (162.814 votos), Alô Guimarães (135.204 votos e 26.884 como suplente), enquanto Borba ficava em 3º lugar com 122.651 votos, Arthur Santos em 4º (119.480) e João Loures em último, com apenas 44.342. Os suplentes obtiveram as seguintes votações: Ricardo Furnaro (PTB) - 24.918; Manoel de Oliveira Franco (UDN-PR) - 23.700; Gaspar Velozo (PSD) - 21.658 e Brasilio Vicente de Castro (PL) - 8.295. No ano seguinte, com as eleições para a sucessão de Munhoz da Rocha, mas o Senado não concordou com o afastamento - idêntico caso dos senadores Lino de Mattos (convocado para a Prefeitura de São Paulo) e Arthur Bernardes Filho (candidato ao governo de Minas Gerais).
Para o PSD não perder [as] duas vagas no Senado e poder concorrer ao Governo Estadual com Moyses Lupion, então o grande líder do Estado, funcionou o rapossismo pessedista e com apoio do presidente Juscelino Kubitschek, também do PSD, foi montado um habilidoso estratagema: Lupion renunciou ao seu mandato e, posteriormente, também Alô Guimarães fez o mesmo, mas assumindo, três horas depois, como suplente de Lupion. Em conseqüência, abriu a sua vaga de Senador, assumindo definitivamente Gaspar Veloso, que já estava no Distrito Federal. Foi, sem dúvida, um fato inédito na história de nossa política - e muito comentado (e combatido), em especial, pelos petebistas, que traziam a frustração da derrota do ano anterior. Aliás, [atribui]-se [à] morte de Getúlio Vargas (1888-1954), o fato do PTB não ter conseguido fazer um senador nas eleições de 1954, pois na primeira convenção o PSD havia lançado apenas Moyses Lupion como candidato e Alô como suplente. Mas em [conseqüência] do suicídio do presidente do Brasil e líder nacional do PTB, o partido teve uma crise e divergências internas, entre os deputados Paraílio Borba (1889-1964) e Sebastião Martins Vieira Lins (1890-1968), teriam dado ao PSD a chance para fazer os dois senadores.
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