Os rapazes de Herbert
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de agosto de 1975
Quando John Herbert passou na quinta-feira, à noite, defronte o auditório Salvador de Ferrante e viu o enorme cartaz anunciando "Os Rapazes da Banda", surpreendeu-se: os direitos da montagem da peça em seu poder desde 1972 e para qualquer encenação teria que ser consultado. Entretanto, o produtor Roberto Menghini montou a peça, ao que parece autorizado pela SBAT, mas teria que ter o "concordo" de Herbert John Herbert, 40 anos, 40 filmes em 20 anos de carreira, um dos galãs das chanchadas da Atlântida e hoje ator e produtor de teatro e cinema, fazendo sua estréia na direção do episódio "Cartão de Crédito" da comédia "Cada Um Dá o Que Tem" (cines São João e Vitória, a partir de hoje), tem tristes lembranças de "Boys of the Band" Em 1971, em Minneapollis, no Estado de Minnesotta, EUA, assistiu um grupo semiprofissional a encenar o polêmico texto de Mart Crowley sobre uma gay party. Sentindo as potencialidades do tema, Herbert movimentou-se para conseguir os direitos da peça de Crowley, que, para o Brasil, já haviam sido vendidos a um massagista brasileiro residente em Nova Iorque. Dele, Herbert comprou os direitos (cerca de Cr$ 10 mil) e logo depois a peça estrearia em São Paulo, no Teatro Cacilda Becker, sob direção de Maurice Vaneau e um elenco de primeiro time - no qual estavam Walmor Chagas, Raul Cortes, Benedito Corci e ele próprio - no, papel que na versão curitibana e interpretado por florisval Gomes. A produção foi alta, mas o público correspondeu e a peça caminharia para um grande sucesso se a Censura não a tivesse proibido, quando preparava-se para estrear no Teatro Maison de France, no Rio de Janeiro. Durante dois meses, John tentou a sua liberação, mantendo o caro elenco - o que lhe custou quase Cr$ 300 mil de prejuízos, obrigando-o a se desfazer de uma casa em São Paulo, para cobrir o déficit.
Agora, novamente liberada, "Os Rapazes da Banda" estreou no auditório Salvador de Ferrante, há uma semana, registrando casas lotadas as noites - sucesso que Menghini pretende levar a outras Capitais. Só que John Herbert, documentado com os direitos sobre a encenação da peça de Crowley no Brasil, tem condições de criar alguns obstáculos legais. Embora, bom caráter como é, já tenha se disposto a fazer um acordo com Menghini, para evitar que a temporada curitibana seja interditada.
A partir de "Back-Out", um dos grandes sucessos teatrais em 1969. Herbert vem atuando também como produtor: ganhou dinheiro com "A Cozinha" e "Putz" mas, em compensação, "Os Rapazes da Banda" e "Pequenos Assassinatos", de Jules Feiffer, lhe deram grandes prejuízos "Little Murders", aliás, foi estrelado por Cláudio Correa e Castro e Eva Wilma, e o fracasso de público, segundo John, deve-se "á inoportunidade da montagem". Tanto é que pensa em remontá-la, no Rio, com nova direção.
LGENDA FOTO - Herbert
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