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Osny, o homem das traquitanas

Não houve, por certo, intenção, mas a entrega do título de cidadania benemérita a Osny Bermudes na semana retrasada pela Câmara de Curitiba foi uma forma de nossa paquidérmica Casa de Leis homenagear os 40 anos da televisão no Brasil - e seus 30 em Curitiba, a serem comemorados entre os dias 30 de outubro a 19 de dezembro - datas em que as duas primeiras estações de televisão - foram ao ar pela primeira vez. Afinal, se a televisão no Paraná tem um homem-símbolo este é, sem dúvida, Osny Bermudes. Associado normalmente às "Traquitanas", engenhoca que inventou nos primeiros dias da televisão como "forma de preencher o tempo na passagem de tempo entre um programa e outro", Osny vindo do rádio - ainda menino já era técnico de som no serviço de som do Colégio Santa Maria e depois na antiga Marumby - fez de tudo nos tempos heróicos do vídeo. Câmera, diretor de televisão, cenógrafo, diretor de imagens, "só deixei de ser ator, pois estes nunca faltavam" recorda. Mostrando, cuidadosamente, a documentação das "Traquitanas" que, numa época em que não existia maneira de juntar os programas e os bravos telespectadores tinham que suportar longos tempos de espera entre uma e outra "atração", Osny aponta como o momento de maior emoção o dia 15/12/66, quando soube por Romualdo Oazaluk da morte de Walt Disney. Fã do mágico desenhista, Osny lembrou-se de um boneco de plástico com a cara do pato Donald, que seu filho, Osnizinho (hoje assessor de imprensa da Volvo) havia quebrado e não teve dúvidas: apanhou o "cadáver" do pato, perfurou os olhos, colocou uma seringa nas costas e fez a mais famosa criação de Disney aparecer no vídeo, chorando a morte de "Papai Walt Disney" - ao som da belíssima música com o Conjunto Farroupilha - sucesso na época. O resultado não poderia ser outro: todos que viram a saudação de adeus ao diretor de tantos filmes inesquecíveis choravam juntos. Tema para um longo ensaio - tantas estórias que tem para contar - Osny Bermudes ao longo de seus dezessete anos de televisão - de 1960 a 1963 na TV-Paraná, depois no Paranaense (63/66) e, finalmente, por onze na TV-Iguaçu - é memória viva de nosso vídeo. Hoje trabalhando na gerência de relações públicas da Telepar continua a ser inventivo, encontrando soluções práticas para problemas aparentemente insolúveis. Entre muitos orgulhos profissionais, um especialmente o faz emocionar-se: ter sido o coordenador-geral da primeira transmissão pelo sistema sul de microondas, que uniu o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. LEGENDA FOTO - Na técnica, Osny: o Pato Donald chorou.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
4
16/09/1990

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