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Aramis

Ovation, o pacote para os clássicos

Mais um pacote para aproximar o grande público da música clássica - que não morde mas contamina saudavelmente o ouvinte para a alta qualidade. Mais uma vez é Henrique Sverner, dono da cadeia Breno Rossi, quem banca a tiragem inicial de uma coleção de gravações por ele apontadas - naturalmente com base no marketing cultural-comercial de seu circuito (que inclui uma loja no Shopping Mueller), pois este esquema vem funcionando há tempos, passando por gêneros como jazz (em colaboração com a CBS) e até trilhas de musicais americanos (com a BMG/Ariola, há dois anos, mas que não funcionou). A coleção Ovation, com belíssimas capas e utilizando gravações originais de London, sai pela Polygram - que estava meio parada na parte erudita nos últimos três meses. Não se trata, obviamente, de lançamentos para grandes colecionadores, que na maioria possuem estes registros - possivelmente já buscando a perfeição do CD. Mas para quem ainda se inicia nos caminhos do clássico, a coleção não poderia ser mais equilibrada. Antônio Vivaldi (1678-1741) - merece dois álbuns. No primeiro, a mais conhecida de suas obras - "As Quatro Estações", com a Stuttgarter Kammerochester, sob regência de Karl Munchinger. Como sobrou espaço, no mesmo disco temos "Canon em Ré Maior" de Johann Pachebel (1653-1741) e o emocionante "Adagio em Sol Menor" de Tomasso Albinoni (1671-1751) com o duo Konstanty Kulka (violino) e Igor Kipnis (cravo). Em outro álbum, "Gloria", de Vivaldi, na interpretação do Coro do King's College, de Cambridge, mais a Academy of St. Martin in the Fields, e participações da soprano Elizabeth Vaughan e contralto Janet Baker. O disco é completado com 16 momentos do "Magnificat" de Johann Sebastian Bach (1685-1750), nas vozes de Felicity Palmer (soprano), Helen Watts (contralto), Robert Tear (tenor) e Stephen Roberts (baixo). Edward Elgar (1857-1934) - é o autor das conhecidas marchas "Pompas e Circunstâncias" (1 a 3), que com a Filarmônica de Londres, ocupa o lado A de um disco. No outro, a Sinfônica de Chicago, regida por Sir Georg Solti mostra "Enigma" (variações) do mesmo autor. Gustav Mahler (1960-1911) - tem suas sinfonias em dezenas de gravações. A Concertgbown, de Amsterdã, naturalmente, é quem tem a liderança nos registros de suas obras, mas que merecem atenção de outros grandes conjuntos sinfônicos do mundo. É o caso do registro feito pela Orquestra Filarmônica de Los Angeles, regida por Zubin Mehta, para a "Sinfonia nº 5", incluída na coleção Ovation. Joaquin Rodrigo - 87 anos, compositor espanhol, cego desde a infância, é autor de um tema clássico, "Concerto de Aranjuez" (1939), que tem merecido as mais diversas interpretações - e é peça de resistência no repertório de milhares de violonistas. Um novo registro deste standard é feito pelo solista Carlos Bonell, acompanhado pela Sinfônica de Montreal, acrescentando outro tema conhecido do mesmo autor ("Fantasia para um Gentilhomem"). No lado dois, outro clássico tema de um compositor igualmente espanhol, Manuel De Falla (1876-1946), "El Sombrero de Três Picos". Para quem curte violão clássico, indispensável. George Frederic Handel (1685-1759) - comparece na série Ovation com um dos momentos mais conhecidos de sua obra: as árias de coros de "Messias", baseado na primeira apresentação em Londres (23/03/1743), com a The Academy and Chorus of Saint Martin in the Fields, regida por Neville Marriner e participações de Ely Ameling (soprano), Anna Reynolds (contralto), Philip Languidge (tenor) e Gwynne Howell (baixo). Ludwig Van Beethoven (1770-1827) - não poderia ter uma programação mais conhecida nesta coleção: o pianista Vladimir Ashkenazy, 52 anos, vencedor dos concursos Chopin (Varsóvia, 1955) e Tchaikowski (1962), interpreta as sonatas 14 (a conhecidíssima "Ao Luar"), 26 ("Les Adieux") e 21 ("Waldstein"). Richard Wagner (1813-1883) - tem quatro aberturas e prelúdios de suas óperas apresentadas pela Sinfônica de Chicago, regida por George Solti: "O Navio Fantasma", "Tanhauser", "Os Mestres Cantores de Nuremberg" e "Tristão e Isolda". Uma introdução também ao universo da ópera. O último álbum da coleção Ovation é misto. Com a Filarmônica de Moscou, regida por Kyril Kondrashin, tendo novamente Ashkenazy como solista, o Concerto para piano nº 2, em Dó Menor, de Sergei Rachmaninov (1873-1943). Já com a Sinfônica de Londres, regência de Lorin Maazel, o Concerto para piano nº 1, em Si Bemol Menor, de Piotr Tchaikowski (1840-1893). Finalmente, dois concertos para órgãos. Anita Priest é o solista da Sinfonia nº 3, em Dó Menor ("Do Órgão"), de Caille Saint-Saens (1835-1921), acompanhado pela Filarmônica de Los Angeles, regência de Mehta. E George Malcolm é o solista do concerto para órgão de Francisco Poulenc (1899-1963), acompanhado pela Academy of St. Martin in the Fields, desta vez regida por Iona Brown.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
12
14/05/1989

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