OZ em versão tupiniquim e a nova fita de Mônica
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de julho de 1987
Se de um lado o mercado de vídeos pornográficos é dos mais seguros em termos de lucratividade - e até agora não apresentou queda apesar das dificuldades econômicas - outro segmento, totalmente oposto, que vem crescendo é o de vídeos infantis. Curiosamente, as vezes há até aproximações quando produtores inescrupulosos realizam "versões adultas" de contos clássicos do imaginário infantil, transformando personagens queridos como Pinóquio, Branca de Neve, Os 3 Porquinhos e tantos outros em heróis ou heroínas (sic) sexuais.
Mas falando em vídeos realmente infantis, destinados às crianças, a procura tem aumentado - especialmente na temporada de férias. Até agora os estúdios Walt Disney não entraram oficialmente no mercado brasileiro, embora existam dezenas das chamadas cópias "alternativas" de suas produções. Que, naturalmente, não chegam para as solicitações das mamães preocupadas em encontrar opções para as crianças com menos de 10 anos - que correspondem ao maior mercado.
Um produtor paulista, até hoje sem maiores credenciais, Wilson Rodrigues, também decidiu investir na produção de vídeos para a infância. Sem qualquer constrangimento, partiu para estórias clássicas, como "João e Maria", que além de vender em vídeo, está também lançando nos cinemas, em sessões matinais aos domingos (em Curitiba, Astor, 10,30horas). Rodrigues convocou para roteiristas, nada menos que dois especialistas no gênero terror, R. F. Lucchetti (que fez o roteiro de "As Sete Vampiras", de Ivan Cardoso) e nada mais, nada menos que José Mojica Marins - o "Zé do Caixão".
A mais recente produção de Wilson Rodrigues é uma atrevida versão tupiniquim de um dos mais famosos clássicos do musical (e do cinema infantil) - "O Mágico de OZ". Quem imaginaria que a belíssima história de Frank L. Baum, que Victor Fleming levou ao cinema em 1939, consagrando Judy Garland no papel de Dorothy - e cantando ali a música que se tornaria o prefixo musical de sua carreira "Over the Rainbow", ganharia uma versão cabocla? Independente da visão desta adaptação-87, tupiniquim, de "O Mágico de Oz" - que no original trazia atores como Frank Morgan, Ray Bolger e Jack Haley (todos já falecidos), é de se indagar até onde são válidas, refilmagens, sem as condições ideais, de obras que ficaram na memória como momentos de rara beleza?
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Muito mais importante e sério é o trabalho que Maurício de Souza vem fazendo. Ainda agora, lançando seu quinto desenho de longa-metragem - "A Turma da Mônica em O Bicho Papão e outras histórias" (em exibição no cine Itália, a partir de 23 de julho, aos sábados e domingos, sessões às 10, 11h15min e 12h30min), está sendo lançada, pela Transvídeo, esta nova produção.
Todos os longas metragens produzidos pelos estúdios Maurício de Souza estão disponíveis em vídeo. Desde seus lançamentos, os filmes já venderam milhares de cópias. "As Aventuras da Turma da Mônica" vendeu 3.340 fitas. "A princesa e o robô", durante dois anos o recordista brasileiro de vendagem, 3.900 cópias. "As novas aventuras da Mônica" teve uma tiragem de 6.400 cópias desde seu lançamento em abril deste ano. Finalmente, "Mônica e a sereia do rio" - a primeira fita nacional com som HiFi Stereo, já vendeu 2.900 cópias.
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