Passaram-se 20 anos, mas o Roupa Nova continua o mesmo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de fevereiro de 1992
Entre tantos grupos vocais-instrumentais que surgiram nos últimos anos, praticamente todos na linha da música colonizada, o Roupa Nova é uma salutar exceção. Suas origens estão há 20 anos passados, quando Nando e Cleberson Horsth formaram um quarteto com Paulinho e Kiko - ao qual se somaria, em 1976, Ricardo Feghali e, dois anos depois, Serginho Herval. Na época, o conjunto chamava-se Famks - nada a ver como o ritmo funky e sim as iniciais dos rapazes. Faziam bailes, viajavam muito e chegaram a fazer dois elepês com covers de versões das canções das hit-parades e, em 79, participaram, com o nome de "Os Motocas" de outra picaretagem - para enganar o público - que vendeu 150 mil cópias.
Do encontro com o produtor Mariozinho Rocha e o compositor Eduardo Souto Neto foi decisivo: o grupo defendeu "Colo d'El Rey" (Cássio Tucunduva), no MPB-Shell de 1980 e, em 81 lançava "Canção de Verão", primeiro sucesso que, juntando-se a "Sapato Velho" (de Paulinho Tapajós), "Bem Simples" e "Roupa Nova" (de Milton Nascimento, que se tornaria uma espécie de padrinho do grupo) fizeram o grupo emplacar mesmo já em segundo LP com o novo nome (82) com faixas como "Vôo Livre", "Clarear" e "Lumiar".
No ano passado, em seu oitavo LP ("Frente e Versos", BMG), o grupo além de terem temas catipultuados [catapultados] via televisão ("Coração Pirata", da novela "Rainha da Sucata") ganharam até a presença dos Commodores na faixa "Essel ta de Repi Enroll". Agora, vem o Roupa ao Vivo, uma seleção de sucessos - "Sapato Velho", "Chama", "Anjo", "Lumiar", "Todo Azul do Mar", "Clarear", "A Força do Amor", "Seguindo no Trem Azul", "Coração Pirata" - e incluindo ainda duas inéditas - "Começo, meio e fim" e "Felicidade" (que está na trilha sonora da novela homônima da Globo). Já com vários discos de ouro e platina, bom público, o Roupa Nova tem um prêmio importante - o do Sharp de Música, de cujo júri temos orgulho de fazer parte há cinco anos.
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