Perda de Tempo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de maio de 1977
Maria do Rosário (Nascimento Silva) é uma bela mulher, não resta duvida! Ex-modelo, foi lançada como atriz no papel título de Sérgio Ricardo em "Juliana do Amor Perdido" (1970). Depois foi esposa de Walter Clarck e, nos últimos anos, decidiu ser diretora de filmes. Seu pai, o ministro Nascimento e Silva, da Previdência Social, a ajudou a instalar a Rosário Produções e o primeiro resultado é "Marcados Para Viver" (cine Condor, hoje e amanhã). Melhor seria se Maria do Rosário continuasse exclusivamente defronte as camadas, pois essa sua estréia como diretora é das mais lamentáveis. Repleto de clichês, confuso, cansativo, "Marcados para Viver" é um desperdício de celulóide e tempo - tanto dos que participaram da realização como, principalmente, do infeliz espectador que se dispõe a assisti-lo, bem intencionado em prestigiar o nosso cinema, cada vez com filmes mais estimulante. Uma idéia até sincera - a vida de 3 pessoas marginalizadas, uma biscateira (Tessy Callado, filha do romancista Antônio Callado), uma prostituta (Rose Lacreta, uma bela mulher) e um gigolô (Sérgio Otero) - que, do encontro com um marginal (Waldir Onofre) formam uma quadrilha, perde-se pela falta de habilidade de Maria do Rosário em conduzir a narrativa. O competente fotógrafo (e diretor de curtas metragens) Renato Newman também perde-se em imagens ao estilo Gabriel Figueiroa, com ensaios e piruetas visuais superadas há 20 anos e a trilha sonora, do respeitável Francis Hime, é uma colagem de boas músicas já conhecidas. O final, então, é de rir ou chorar: a impressão que fica no espectador é de que na montagem, Maria do Rosário percebeu que já havia esgotado o tempo limite para projeção e parou imediatamente. Só isso pode explicar um final tão absurdo e sem sentido.
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