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Aramis

A pirataria que traz prejuízos

No início, era a pirataria. Única e exclusiva forma de abastecer os primeiros videoclubes (que, como clubes, hoje, desapareceram) e locadoras. Hoje, com um crescimento irracional do mercado consumidor, embora ainda longe da disciplina e (indispensável) saneamento, já começam a existir o oferecimento de fitas legalizadas. Das 70 locadoras existentes em Curitiba - desde as maiores (Tape Clube do Paraná, Master, Vídeo Clube Batel, etc.) até improvisadas instalações em garagens suburbanas (como o Space Vídeo), poucas - muito poucas - são as que dispõem apenas de vídeos legalizados. Afinal, a demanda do mercado, a inexistência de fitas já seladas e que tenham sido aqui reproduzidas com a devida autorização de seus realizadores, faz com que os órgãos a quem cabe a fiscalização - do Concine e a Polícia Federal - tenham sido tolerantes. Entretanto, em 1987, a questão deverá começar a entrar nos eixos e bastando algumas incertas dos órgãos fiscalizadores, mais de 70% das locadoras que proliferam no Brasil terão que fechar suas portas - se não houver reprimendas maiores contra seus responsáveis. Afinal, cada filme tem dono: o produtor, o diretor, os argumentistas - enfim, quem criou a obra e a quem cabe direitos - e não lucros que são apenas canalizados aos oportunistas que, aproveitando a demanda do momento e a falta de regulamentação do setor, vêm enriquecendo de forma desonesta. Portanto, à proporção que o mercado se estabilizar - com as empresas pioneiras e bem estruturadas se fixando - e eliminando-se as concorrentes marginais, o vídeo tende a crescer. Inclusive em qualidade, pois as cópias das cópias, na pirataria abusiva que se pratica, faz com que o consumidor seja o maior prejudicado - pagando um aluguel por um tape de imagens borradas, com péssimo som e que não transmite a beleza e estética de sua concepção original. De qualquer forma, o vídeo é uma realidade - e embora os cinéfilos prefiram os filmes em tela ampla, no ritual do cinema - sem interrupções, numa cerimônia visual que aprenderam a curtir, o empacotamento dos filmes para reprodução doméstica faz com que milhares (milhões) de pessoas que normalmente não sairiam de casa para ver filmes importantes, acabem conhecendo-os. Infelizmente, 90% dos adeptos do vídeo ainda prefere os êxitos comerciais do momento, fugindo dos filmes de arte.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
04/01/1987

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