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Aramis

População x Papeetes

Cansado de ficar sem dormir devido ao barulho provocado pela discoteca Papeete, um grupo de antigos moradores da Avenida Vicente Machado e Rua Visconde do Rio Branco encontrou uma interessante fórmula para provar a quem de direito os décibeis a mais que a desastrada casa noturna vem provocando todas as madrugadas, especialmente nos fins de semana até as 6 horas da manhã. Com sensíveis gravadores, estão registrando em fita os barulhos vazados da discoteca, bem como a balbúrdia que é promovida pelos, muitos com escapamento aberto, buzinas envenenadas, material que será anexado a processo que um grupo de advogados está montando para dar entrada na Justiça, a fim de obrigar a Prefeitura a cassar o alvará de funcionamento da boite, que mesmo estando na Zona comercial, localiza-se a menos de 300 metros de um dos mais tradicionais hospitais de Curitiba - o São Vicente. Um dos vizinhos, por sinal vítima maior da algazarra e barulheira que a discoteca trouxe ao outrora tranqüilo quarteirão, está disposto a ir mais além: caso a Prefeitura não tome uma providência, vai ampliar um caminhão e rodar defronte as residências de várias autoridades municipais e estaduais, todas madrugadas, o som que ele e sua família estão sendo obrigados a suportar, sob alegação de que a "sofisticada"(sic) discoteca trouxe novas opções para entretenimento de sábado dos jovens à noite não é apenas dos vizinhos da Papeete. Também os moradores da Rua Ângelo Sampaio, no Batel, e na Brigadeiro Franco, são vítimas, só há mais tempo, da algazarra que batalhões de jovens, com seus carros envenenados, escapamentos abertos, promovem todas as noites, defronte o Jacquie`O e, principalmente o Flash. Mas o caso do Papeete é mais grave, pois a licença para o seu funcionamento foi concedido - na administração Saul Raiz, frise-se a bem da verdade - apenas dos apelos que diversos moradores daquela zona, inclusive o médico Edgar Vieira de Alencar, proprietário da Casa de Saúde São Vicente, fizeram aos responsáveis. Até há alguns dias, o Papeete estava funcionando sem porta de emergência, num risco de se transformar num verdadeiro forno crematório em casa de incêndio. Antes a ameaça do Corpo de Bombeiro de interditar definitivamente a casa, seus proprietários improvisaram uma saída de emergência, mas que não representa a solução total, conforme exigência do código de posturas. A única saída de emergência teria que ser pelo terreno da viuva do senador Wenceslau Glaser, mas que, como uma das maiores vítimas da barulheira que a discoteca trouxe para suas noites, naturalmente não concordou. O estranho é que este assunto, apesar de interesse de muita gente, até agora não tenha motivado a nenhum vereador um pronunciamento mais incisivo na Câmara. Ou será que todos os nossos integrantes do Legislativo estão entusiasmados com os travolteanos passos dos embalos de todas as noites na Papeete e outros centros barulhentos da cidade?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
27/04/1979

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