A receita de Toni para o amor com as mulheres
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de fevereiro de 1986
Com toda razão o editor Alfredo Machado, da Record, está aproveitando ao máximo a presença no Brasil da sexagenária Toni Tucci para fazer "O Segredo da Borboleta" escalar (e permanecer por semanas) na lista dos best-sellers. Ótima aparência física, sensual e principalmente numa linguagem desinibida, Toni Tucci - que passa pela cidade nesta semana, com um badalativo programa social - traz nas 239 páginas de seu livro (tradução de Roberto Athayde), opiniões e confissões que estabelecem uma empatia com milhares (melhor dizendo, milhões) de mulheres que buscam a liberação. Sem papas na língua (e nas palavras), Toni Tucci recomenda como regra número um o sexo intensamente, máximo número de amantes - de preferência jovens - e, rompendo convenções e tabus, estimula também todas as formas de amor físico, inclusive o homossexualismo feminino.
Sem chegar à pornografia - mas extremamente excitante em suas memórias, esta americana sensual e inquieta fez um livro que vai entusiasmar muitas mulheres, chocar outras e, naturalmente, incomodar os maridos mais machistas e exclusivistas.
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No capítulo 13 ("Eu Digo 'Sim, Sim' a um Grande 'Não, Não'"), aberto com uma citação do romancista inglês D. H. Lawrence (de "Mulheres Apaixonadas"), Toni Tucci enaltece o amor com as mulheres. Começa, com uma confissão direta: "Depois de toda a minha experiência cheguei à conclusão de que todas as mulheres, não só têm o direito a uma amante, mas também devem ter uma. Eu tive todo o tipo de amantes - jovens, velhos, casados, divorciados, completamente solteiros, homens e mulheres - e digo a vocês, mulheres, especialmente a minha contemporâneas, que toda a mulher merece ter uma amante. O sexo entre duas mulheres não é só para as estrelas de cinema, as ricas, as lésbicas, as celebridades - em outras palavras, para pessoas que não são heterossexuais - e eu sou, sem dúvida nenhuma - nós as donas de casa, professoras, mulheres com uma carreira, divorciadas, esposas amantes, todas nós que vão ficar surpreendidas - os prazeres são tão diferentes!
Fazer amor com outra mulher nos dá a sensação de estarmos fazendo amor conosco mesmas. É como "assestar um espelho para a natureza", como disse Shakespeare. A sensação é incomparável; uma espécie de excitação fantástica que não podemos obter com um homem".
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Relatando experiências pessoais e divagando sobre os prazeres do sexo, Toni Tucci, sempre frisando que jamais deixou de ter suas relações com os homens, coloca o amor entre as mulheres nas nuvens. Por exemplo: em seu entender, "com uma mulher sentimos constantemente aquela ternura especial, aquela emoção extra que as mulheres colocam no sexo. Adiciona uma nova dimensão ao orgasmo, fazendo-o imenso e diferente. É tão doce, e ao mesmo tempo apaixonadamente flamejante, que não é justo não experimentar. Quando tiver provado, você vai se ressentir por lhe terem ensinado que é uma coisa errada" - diz dirigindo-se às suas leitoras e acrescentando uma de suas filosofias de alcova:
- Adultos conscientes devem ter liberdade para fazer o que bem desejarem, desde que não prejudiquem outras pessoas.
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Para tranqüilizar os leitores masculinos - e acalmar os maridos mais exclusivistas - Toni Tucci garante também: "Não tenha medo de que um caso com outra mulher desfaça seu casamento. Isso não vai acontecer. Na verdade, pode até mesmo melhorar seu relacionamento conjugal. Se faz com que toda a sua seiva circule mais livremente, acelera sua circulação - e o bom sexo sempre faz isso - talvez você comece a gostar mais de fazer sexo com seu marido. Quanto maior o número de experiências com sexo você tiver, melhor você vai ficar na prática do amor.
Se seu marido não a satisfaz na cama, ou apenas raramente, isso passa a não ter importância, se tiver uma amante para preencher a lacuna. Se você ama seu homem, apesar dele ser horrível na cama, e não quer desmanchar seu lar, uma amante pode ser a solução perfeita. Uma das vantagens é que é muito mais fácil escolher um caso com uma mulher do que com um homem. Mesmo que seu marido venha a descobrir, há sempre a probabilidade de não se sentir ameaçado por isso".
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Não é sem razão que desde que foi anunciada a vinda de Toni Tucci a Curitiba, nesta semana, houve um frisson entre dezenas de colunáveis da cidade. Muitas mulheres bonitas e charmosas telefonando aos anfitriões da autora de"O Segredo da Borboleta", propondo-se a serem cicerones, recebê-la com festas etc.
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