Religiões afro-brasileiras
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de maio de 1974
Com 30 anos de jornalismo, dois prêmios Esso de reportagem em 1956, com uma autoconfessional série sobre como se livrou do alcoolismo publicada em O Globo e em 1963, com uma denúncia sobre a prostituição entre as indígenas, estampadas nas páginas do extinto "Mundo Ilustrado", José Leal, 48 anos, está em Curitiba pesquisando sobre religiões brasileiras. Tendo deixado no ano passado a Editora Abril, onde foi um dos principais reporteres da Realidade, em sua melhor fase, Leal hoje dedica-se a concluir um grande projeto - um completo levantamento sobre os cultos afro-brasileiros, tema que também desenvolverá num curso de nível universitário, inicialmente programado para a Guanabara e São Paulo, mas depois levará a outros Estados. Durante os 20 anos em que integrou a equipe de O Cruzeiro - então a mais influente revista do País, começou a se interessar por este assunto, que agora está estudando exaustivamente, em todos os seus aspectos. Leal já levantou nove ramos de cultos originários da África, todos mais ou menos com as mesmas bases sócio-culturais, mas com características diferentes dependendo de cada região. No Amazonas, é a Pajelança: no Pará o Babaçue; no Piauí o Encantado; no Maranhão o Tambor de Mina; no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco o Catimbô/Xangô; em Alagoas e Sergipe o Doré; na Bahia o Candomblé (este originário de várias nações africanas); no Sul e Centro-Oeste o Candomblé e, finalmente, no rio Grande do Sul, o chamado Batuque Pará. Sem dispor de dados estatísticos exatos só se classifica apenas como um pesquisador do assunto. Mas sem dúvida é um dos homens que melhor conhece este fascinante campo sócio-regilioso.
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