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Aramis

Retrospectiva de Simon no pacotão do rock-88

No pacote internacional de fim-de-ano, a WEA não deixa de investir nos lançamentos para grandes faixas do público jovem (nem sempre) capaz de absorver tantos ídolos conhecidos - como aceitar conjuntos e mesmo solistas em início de carreira. O must desta temporada final é, sem dúvida, o robusto álbum com dois elepês (mas em embalagem simples, por uma questão de economia) de Paul Simon "Negotiations and love songs - 1971-1986". Identificado por anos pela parceria com Art Garfunkel, Simon (New Jersey, 13/10/1941) vem fazendo a sua carreira solo - a exemplo do ex-parceiro, também com investidas no cinema como ator e até produtor. Nos últimos anos, Simon - como principal autor do vasto repertório desenvolvido no período em que estava identificado a Garfunkel - sofisticou o seu trabalho e buscou diversas fontes instrumentais e rítmicas, como o violinista Stephanie Grapelli, o guitarrista Al Di Meola e o percussionista Airto Moreira - por sinal, em Curitiba, revendo seus familiares - além do grupo Los Incas e diversas bandas sul africanas. Seu mergulho na África resultou no álbum "Graceland", que há dois anos lhe valeu as principais premiações. No cinema em "One-Trick Pony" (inédito nos circuitos comerciais, mas a disposição em vídeo) acumulou o roteiro, produção, atuação e trilha sonora. Agora, após "Graceland", Paul tem editado no Brasil, em dois elepês, uma composição de seus maiores sucessos no período 1971/86, com canções marcantes como "Me and Júlio Down By The Schoolyard", "Kodachrome", "Late In The Evening", "Train In The Distante" e "Graceland", naturalmente. xxx Três cantoras de origens country, belas e famosas - Dolly Parton, Linda Ronstadt e Emmylou Harris - estão em "Trio" (WEA), mostra de uma parceria que vem dando certo em muitos shows - sempre que os compromissos individuais de cada uma permite. A junção de três superstar para a gravação de "Trio" foi demorada, mas aconteceu a partir de outubro de 1985, quando começaram a colher canções antigas do gosto de cada uma. Entre essas canções estavam "Making Plans", gravada anos atrás por Dolly; "My Dear Companion" uma das favoritas de Linda e de Emmylou; "Telling Me Lies", uma canção que ambas ouviram primeiramente na voz da cantora inglesa Linda Thompson e "The Pain of Loving You", uma canção original de Dolly e Porter Wangoner. Gravado em janeiro de 1986, com a participação de amigos importantes como Ry Cooder, Alberto Lee, Mark O'Connor e a orquestração de David Campbel, resultou um álbum equilibrado - "perfeito" para Emmylou. Realmente, um disco de country moderno e bem realizado. xxx Agora, a vez de um novato: até há dois anos, Randy Travis era um desconhecido mesmo nos EUA. Mas com "Storms of Life", no qual mostrava canções falando de experiências próprias e do cotidiano do homem comum, conseguiu se destacar e acumular algumas premiações - especialmente como revelação. Este ano, novas premiações, suficiente para fazer este americano de Marshville, Carolina do Norte, ganhar impulso internacional e ter o seu terceiro lp ("Old 8x10", WEA) aqui lançado - com canções como "It's Out of My Hands", Promisses" e, especialmente "Deeper Than The Holler". Mark Knopfler, um escocês que hoje divide o seu tempo entre a música de cinema e os filhos gêmeos de 8 meses, não deixou a banda que criou e o consagrou: a Dire Straits. E ainda encontrou tempo para produzir um elepê com os melhores momentos deste grupo ("Money For Nothing", Polygram), espécie de síntese dos 10 anos de carreira deste grupo. Autor de excelentes trilhas para o cinema ("Local Herói", "A Princesa Prometida"), Knopfler montou neste álbum-documento uma seleção de primeira, com hits como "Portobello Belle" (que já explodiu em todas as FMs brasileiras), "Twist by the Pool", "Sultans of Swing", "Tunnel of Love", "Private Investigations" entre ourtos momentos do DS. xxx Outro grupo de uma superbanda de público seguro é a gravação ao vivo (Live'88) de Supertramp. A tournée 88 do grupo começou a ser preparada já em outubro/87 e além do engenheiro de som Norman Hall e do iluminador Guy Forrester, foram contratados dois músicos veteranos: Mark Hart (que tinha participado da tournée 85 e já havia tocado no álbum "Free As Bird") e Marty Walsh, guitarrista que por 4 anos pertencera ao grupo. Complementando o grupo, Brad Cole no sax e teclados e Steve Reid na percussão. A tournée começou no Rio, percorreu a América do Sul, Canadá Europa e terminou na Califórnia - atingindo mais de 500 mil pessoas. O resultado desta tournée está neste elepê com 12 faixas. xxx Há alguns meses, a única notícia que se esperava em relação a Boy George (George Alan O'Dowd, Londres, 14/6/61) era de sua morte. O líder do "Culture Club", drogado no último estágio, estava entre a vida e a morte e poucos pensavam em seu retorno, mas ele deu a volta por cima. Recuperou-se e voltou a fazer shows (há pouco, era anunciada sua vinda ao Brasil, que acabou cancelada) e gravando em Montreaux e Londres, com o produtor Stewart Levine, o lp "Tense Nervous Headache" (BMG Ariola), cujo título (tenso/nervoso/dor de cabeça) já diz um pouco do estado emocional que passou. Nove novas composiçõs, dentro do estilo que fez um dos nomes mais populares do universo pop nestes últimos anos. LEGENDA FOTO 1 - Um trio respeitável: Dolly Parton, Linda Ronstadt e Emmylou Harris. LEGENDA FOTO 2 - Boy George: renascendo. LEGENDA FOTO 3 - Randy Travis: novato.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
16
18/12/1988

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