Romântico Elymar, distante da fumaça das churrascarias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de dezembro de 1990
Elymar Santos era um cantor das churrascarias da Zona Norte do Rio de Janeiro que se cansou da fumaceira e gordura dos ambientes que lhe garantiam a carne nossa de cada dia. Assim, há 4 anos, vendeu seu modesto apartamento financiado pelo BNH e o fusqueta 1975, e, vejam só, procurou o dono do Canecão, a maior casa de espetáculos do Rio de Janeiro, propondo alugá-lo por uma noite. Conseguiu uma segunda-feira, fez uma boa produção e nasceu para o sucesso. Logo depois gravava seu primeiro elepê e a repercussão de sua audácia lhe valeu que se passasse a prestar atenção em sua bonita voz. Hoje, Elymar mora num duplex, tem carro do ano e só vai em churrascaria com freguês.
Contratado pela EMI/Odeon tem novo disco na praça - "Missão - Ato de Amor" (EMI/Odeon), no qual explora o filão do romantismo - sem cair na breguice de Wando ou Benito de Paula, mas ainda sem atingir a faixa cativa de Roberto Carlos e assemelhados. Elymar tem bom gosto, seu produtor Renato Corrêa escalou bons músicos e o repertório inclui autores como Ivo Lancelloti ("Mi Canto", parceria com Jorge Simas), Moacyr / Luz / Aldir Blanc ("Por Escrito"). Claro que não faltam os sucess-makers Sullivan / Massadas ("Volta Coração"); Paulo Sérgio Valle / Chico Roque ("Espelho", "Sou Louco por Você"), Carlos Colla ("Taras e Manias", parceria com Marcos Valle). De Roberto Carlos é "Quando" e de Altay Veloso, "Amor Ateu". O próprio Elymar ataca de compositor ("Descaso" e "Artista") neste disco sem compromissos artísticos maiores mas que vale para fazer com que Elymar continue sua carreira de intérprete romântico.
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