Do país que ama o cinema, chegam os novos talentos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de dezembro de 1990
Os onze filmes de novos realizadores franceses que só agora começarão a ser conhecidos no Brasil representam uma ínfima parte da produção que hoje oscila entre 150/180 filmes naquele país. Hoje, o cinema francês ocupa de 35 a 40% do mercado, com os americanos naturalmente representando uma grande concorrência. Pela tradição de cultura cinematográfica e amor dos franceses pelo cinema, nem as mais cômodas atrações - vídeo, disco-vídeo, televisão a cabo, etc. - consegue esvaziar os cinemas e assim, pelas páginas do "Pariscop", um indispensável guia da Cidade Luz, se tem centenas de opções de filmes de todo o mundo, exibidos em desde minissalas de até 30 lugares, até grandes cinemas.
Revistas da melhor qualidade - das consagradas "Cahiers du Cinema" e "Positiv", a publicações jornalísticas como "Premiére" (que já tem uma edição americana) ou verdadeiras publicações de arte, com "Studio", que Marc Esposito edita há dois anos, se sucedem. A bibliografia é imensa e mais de 10 títulos novos chegam mensalmente às livrarias - algumas especializadas em cinema. Todos os jornais mantém equipes de críticos cinematográficos e eventos, festivais, seminários, cursos, etc., multiplicam-se país afora. Assim, não é sem razão que o cinema represente, na França, um dos pontos altos de sua cultura.
A partir dos próximos meses, ao lado de obras de diretores consagrados - a começar por Godard, com seu "Nouvelle Vague", estrelada por um envelhecido Alan Delon - chegarão os filmes de novos diretores selecionados por Albicoco para o primeiro semestre de 1991: Pierre Jolivet ("Caso de Força Maior / Force Majeure), Jean Claude Bressau ("Boda Branca / Noce Blanche"), Patrice Lecont ("O Marido da Cabeleireira / Le Mari de la Coiffeuse" e "Um Homem meio Esquisito / Monsieur Henri"), Eric Rochant ("Um Mundo sem Piedade / Un Monde sans Pitie"), Jacques Doillon ("A Vingança de uma Mulher / La Vengeance d'une Femme"), Alain Gorneau ("Noturno Indiano / Nocturne Indien"), Jean Loup Hubert ("Quando Acaba a Guerra / Aprés la Guerre") e André Delvaux ("A Obra em Negro / L'Oeuvre au Noir").
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Embora priorizando o circuito de cinemas a ser formado, a Belas Artes Cinematográfica será também uma distribuidora de vídeos da produção que trará ao Brasil. Para tanto, os primeiros contatos já foram estabelecidos com a Abril Vídeo, para que no decorrer de 1991, os primeiros títulos destes novos filmes - não só franceses, mas de outros países - cheguem também à telinha. Explicando a opção pela Abril Vídeo, Jaime Tavares argumenta:
- "Trata-se de uma distribuidora com excelente credibilidade, sólido esquema de promoção nacional e que foi a primeira a se interessar em fortalecer o mercado de vídeo com produções européias para provar que ao contrário do que alguns dizem, não existe rejeição à cinematografia dos países do velho mundo - muito pelo contrário".
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