Senhoritas sem luz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de fevereiro de 1977
Faltando menos de uma semana para a estréia de "Orquestra de Senhoritas" (Teatro do Paiol, dia 2 de março), o iluminador Beto Bruel, hoje o mais elogiado profissional nesta área, mostra-se preocupado: é tão precário o equipamento do teatro que teme não poder desenvolver o projeto concebido. As instalações elétricas montadas em dezembro/71, quando aquela casa foi inaugurada, até hoje não foram reformadas, embora, há quase dois anos o Serviço Nacional de Teatro tivesse, generosamente, liberado vultosa verba para a reforma do teatro, incluindo montagem de calefação - o que, aliás, até agora também não ocorreu.
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Quinta-feira, após trabalhar até madrugada na tentativa de montar a iluminação do espetáculo, Beto Bruel estava desanimado: material gasto e inclusive oferecendo perigo de incêndio, falta de peças para reposição e a mais absoluta má vontade em relação às suas sensatas observações. Beto pediu um simples parafuso e, após muita insistência, conseguiu. Só que para isso foi desmontado um sport-light que seria necessário para iluminar uma cena seguinte.
Apesar deste problema, o diretor Roberto Menghine está entusiasmado com a peça de Jean Genet, há mais de 10 anos sucesso nas maiores capitais do mundo. Há 2 anos, encenada em São Paulo por Luís Sérgio Person (1936-1976), valeu ao ator Paulo Goulart, no papel de madame Hortense, o troféu Moliere-76, como melhor intérprete. Todos os personagens são vividos por atores, num desafio aos interpretes, que na montagem curitibana são Aírton Miller, Edson D'Ávila, Celso Filho, Lúcio Weber, Roaldos dos Anjos e Sansores França. Menghine, que foi o ator principal em suas últimas montagens -.
"Os Rapazes da Banda" e "Greta Garbo, quem diria, Acabou no Irajá", preferiu, desta vez, limitar-se à direção. Celso Filho, ex-bailarino e pintor, criou os figurinos, adereços e a coreografia. A sonoplastia é de Cesarti e Beto Bruel vem tentando criar a iluminação - pois, apesar de suas boas idéias enfrenta a precariedade do equipamento do hoje abandonado Teatro do Paiol. Que, totalmente paralisado há 60 dias, só reabre agora, graças exclusivamente a essa produção de Roberto Menghine, produzida com ajuda do SNT e da Fundação Teatro Guaíra.
LEGENDA FOTO 1 - As senhoritas de Menghine.
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