E também a Embap não quer perder suas bonitas telas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de março de 1987
Não é só a Associação de Pais e Mestres do Colégio Estadual do Paraná que, se mostra disposta a resistir à "requisição" de seu patrimônio artístico para o discutível Museu da Arte Paranaense. Professores da Escola de Música e Belas Artes do Paraná deverão dar um sonoro "não" às pretensões da Secretaria da Cultura em limpar as paredes daquele estabelecimento de todos os quadros que há muitos anos ali se encontram.
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Há uma semana, um funcionário da Secretaria da Cultura procurou a advogada Lilian Schell, interventora da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, dizendo que - "com a autorização da secretária Gilda Poli" - desejava apanhar os quadros para o Museu de Arte Paranaense. Embora sem ligações culturais e afetivas com a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, para cuja direção foi imposta autoritariamente há mais de dois anos, Lilian Schell teve uma atitude decente: não aceitou entregar as telas, alegando que necessitava consultar o corpo docente da escola. E uma reunião foi convocada para esta sexta-feira, quando os 130 professores da instituição deverão opinar se o acervo da Embap deve ou não ser transferido para o improvisado museu do Alto de São Francisco.
Uma consulta prévia entre os mestres de maior liderança na escola já revelou que a maioria é contra tal transferência, alegando, entre outras, duas razões: a) as telas que integram o acervo da escola são, em sua maioria, de ex-professores da mesma - afora preciosos trabalhos de Andersen, o pai da pintura paranaense. Não se justifica, a princípio, dilapidar uma escola de belas artes de seu patrimônio artístico; b) o Museu de Arte Paranaense está sendo implantado a toque de caixa, sem que a comunidade artística fosse consultada.
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Com o reinício das aulas, na próxima semana, a temperatura pode subir. Já irritados pela demorada intervenção na Escola e falta de interesse do governo em oferecer uma sede condigna à tradição da Embap, os corpos discente e docente, não estão dispostos a tolerar agora esta "requisição" do que ela tem de mais precioso: telas dos melhores pintores paranaenses.
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A propósito da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, uma das idéias do prefeito Roberto Requião no aproveitamento do futuro "Parque Dona Luísa Gomm", no Batel, é a instalação daquela verdejante área da escola que há 40 anos está na Rua Emiliano Perneta. A intenção de Requião é que o Estado aproveite o bom terreno que a Prefeitura está desapropriando para nele montar uma escola moderna, "talvez até com salas e estúdios de paredes com grandes vidraças, num clima bem próprio à criação artística".
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