TEATRO
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de março de 1973
Despercebido há pouco mais de um ano, quando de sua estréia, "Boneca Amorosa" (cine Marabá) merece agora maior atenção, pois o segundo filme que seu diretor, o inglês Alastair Reid, realizou - "Paixão e Crime", não só foi incluído entre os 10 melhores do ano, como o destacou como a grande revelação do ano passado, em seu campo. Com um título e tema capazes de atrair o grande público - o que levou a Fama Filmes a promover esta reprise - "Baby Love", é, como "Paixão e Crime", um sério estudo psicológico de uma personagem feminina - aqui uma adolescente, como em o "The Night Digger" era uma quarentona, frustrada e solitária (Patrícia Neal, na sua melhor criação até hoje). Pode-se comparar "Baby Love" a "Teorema", em termos da transformação via sexo - que um personagem estranho provoca dentro de uma família burguesa. A personagem-título, interpretada com muita sensualidade por Ann Lynn (foto), cria todo um clima de sexo e vingança, numa dominação do filho adolescente, da esposa (talvez numa das seqüências mais eróticas destes últimos anos) e, finalmente, a tentativa de seduzir o chefe-da-familia, ex-amante de sua mãe (Diana Dors) e, talvez, seu próprio pai. Como em "Paixão e Crime", Alastair mantém uma sobriedade total, não caindo no lugar comum ou apelando para soluções de mau gosto e o resultado é que a sua personagem principal - um misto da "Lolita" de Vlademir Neabokow e o anjo-sensual de "Teorema" de Pier Pasoline, não fica demagogicamente, no final, como vitima ou heroína de uma situação absurda: apenas a presença irremovivel de uma nova realidade. Um filme de visão obrigatória a quem gosta de bom cinema.
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