A umbanda na visão de Cantor Magnani
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de janeiro de 1986
O antropólogo José Guilherme Cantor Magnani, que ocupa uma das coordenadorias da Secretaria da Cultura e Esporte, é pelo visto um jovem que consegue organizar muito bem o seu tempo: é professor da Universidade de São Paulo - por onde doutorou-se, passa longas temporadas em pesquisas na capital paulista (inclusive integrou um projeto patrocinado pelo "Jornal da Tarde") e consegue produzir livros interessantes. Sua tese de doutorado em Ciências Humanas foi editada pela Brasiliense ("Festa no Pedaço: cultura popular e lazer na cidade") e agora está lançando um novo livro - "Umbanda", dentro da série Princípios da Editora Ática (64 páginas, Cr$ 15.000).
O livro de Cantor Magnani aparece simultaneamente a "Magia e Pensamento Mágico", de Paula Montero, também professora da USP e que anteriormente já fez um livro sobre o fenômeno da cura mágica na religião umbandista ("Da doença à desordem"). José Guilherme inicia sua análise, buscando captar os antecedentes da Umbanda.
Como informa a editora, ele retorna à África de alguns séculos atrás, identificando os traços de origem da umbanda em rituais das nações dos nagôs e dos bantos, que, trazidos para o Brasil, passaram por um processo de síntese e conjugação com elementos do catolicismo popular e das tradições indígenas, dentre outros.
A contextualização social e as perseguições sofridas pela umbanda, bem como a linhagem de deuses e de entidades nela encontrada, também são assuntos focalizados neste estudo que se inclui entre outros já existentes capazes de ajudar a compreender a umbanda, expondo suas doutrinas, seus ritmos e examinando os pontos comuns e as diferenças desta manifestação em relação a outros cultos.
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Também tratando do tema, mas dentro de uma perspectiva que acompanha o debate antropológico de maneira mais ampla, Paula Montero em "Magia e Pensamento Mágico" (60 áginas, Cr$ 15.000) trata a questão da magia como uma forma específica de pensamento, a partir das principais contribuições teóricas que se debruçaram sobre o assunto.
Para uma religião de origem afro, absorvida por milhões de brasileiros, dois estudos de antropólogos que buscam dar novas luzes ao seu melhor conhecimento.
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