A vanguarda de Valle e sátira com Lairton
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de outubro de 1986
Violonista, cantor, percussionista e sobretudo compositor, o mineiro Rodrigo Valle surpreendia há 5 anos com um elepê dos mais criativos ("Leão de Fogo"), que sendo uma produção alternativa não teve, infelizmente, a repercussão devida. Isto, entretanto não fez Valle esmorecer e há pouco lançou um novo disco ("Inesquecível Futuro..."), produzido com apoio da Itaminas.
Com a participação especial da tecladista e cantora Cássia, utilizando bons recursos eletrônicos e a participação de instrumentistas mineiros, Rodrigo realizou um álbum original, com propostas avançadas. Basicamente instrumental - e para tanto houve colaborações muito especiais como do saxofonista Nico Assumpção, baixista Nenem, vários tecladistas, etc. - há trechos de uma narrativa de futebol, a declamação de um poema por Cássia, entre outros recursos que sem serem basicamente musicais conferem ao disco de Rodrigo Valle um interesse especial a quem gosta de propostas ousadas e inteligentes. Interessados poderão adquirir este disco independente através do reembolso postal (Leão de Fogo Produções, Rua Alagoas, 1314/1203, CEP 30.130, Belo Horizonte, fone (031) 221-4215).
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Após um primeiro disco independente, que aqui registramos com entusiasmo há alguns meses, o paraense Nilson Chaves divide com seu conterrâneo Vital Lima (que já fez dois elepês: "Pastores da Noite", Tapecar, 1978; "Cheganças", Tapecar, 1980). Um dos discos que marcou o surgimento de um novo selo alternativo no mercado, a Visom Comercial Fonográfica. Compositores e intérpretes inspirados, há anos buscando seu espaço nacional, Vital e Nilson, radicados no Rio, mostram neste disco bem acabado, realizado com o capricho e inspiração, parcerias como "Flor do Destino" e "Interior", bem como músicas de outros autores - incluindo o belíssimo "A Estrada do Sertão", toada de João Pernambuco (João Teixeira Guimarães, 1883-1947), que, há dois anos, ganhou uma inspiradíssima letra do poeta Hermínio Bello de Carvalho (e que havia sido gravada apenas no álbum "Lira do Povo", álbum duplo produzido por HBC, em março/85, comemorativo aos seus 50 anos). Há também parcerias de Vital e Nilson com outros letristas, como Cristóvão Araújo ("Olho de Boto"), Sérgio Limanetto ("A Seu Jeito"), Jamil Damous ("Das Frutas"), Fernando Carvalho ("Outro Interior"). De Sá e Guarabira, uma bela canção - "Do Nada Pra Lugar Nenhum", enriquecendo este disco intimista, brasileiro em suas origens e que merece ser ouvido.
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Compositor e músico de larga quilometragem, com passagens inclusive por Curitiba, Lairton Rezende fez há alguns meses, no Audio Tape, em Porto Alegre, um irônico e satírico compacto simples. Com duas faixas - "Conversas e Lorotas" e "Taxas e Pregões", Lairton satiriza os chamados "crimes do colarinho branco" e na capa deste simpático disquinho publicou um levantamento de todos os escândalos financeiros no período de junho/1979 a fevereiro/1985.
Um disco simples, despretensioso, mas extremamente documental em termos de refletir, com graça e sátira, os descalabros econômicos nos últimos anos. Como é difícil encontrá-lo na cidade, os interessados podem procurá-lo com Carlão (Carlos Gaertner), disc-review do "Correio de Notícias" e lugar-tenente do vereador Neivo Beraldin.
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