A volta de Andreato na cidade que não conhecia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de novembro de 1980
Pessoa de grande sensibilidade o que se traduz em sua obra como artista plástico Elifas Andreato, 31 anos, desde 1959 radicado em São Paulo, se emocionou ao desembarcar no aeroporto Afonso Pena, terça-feira pela manhã. Pisando pela primeira vez em Curitiba, o criador de tantas capas antológicas para discos e livros, posters, cenários, ilustrações diversas etc., sentiu-se numa volta emocional ao Paraná, já que nasceu em Rolândia, filho de humilde família. A paisagem que viu na viagem do aeroporto ao centro da cidade, as casas de madeira, as pessoas, lhe provocaram uma profunda reflexão em torno do homem e sua terra. Por coincidência, uma ilustração que criou para a Prefeitura, com tiragem limitada e destinada a ser distribuída como brinde de fim-de-ano "Sonho do menino e a flor da terra" traduz muito de autobiográfico, tendo Elifas inclusive usado na sua composição uma foto sua, quando criança, ao lado de um puro desenho de seu filho de 4 anos. Mais do que um simples trabalho profissional, a ilustração que criou para a prefeitura é um pouco de sua vida, seus sonhos, sua vivência.
Elifas recordava este fato na noite de quarta-feira quando, de forma generosa e extremamente simpática, prestigiou as aberturas do 27o Salão Paranaense do Salão Passarola. No Salão Paranaense, Elifas gostou especialmente dos trabalhos de Carlos Eduardo Zimmerman e Rones Thadeo Dunke - os grandes premiados da mostra oficial, e de Schwanke, outro dos bons artistas ali premiados. Ontem à noite, no Museu Guido Viaro, era Elifas quem recebia elogios de dezenas de pessoas que foram conhecer a sua retrospectiva de nome de "Impressões".
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A abertura do salão Paranaense coincidiu com o lançamento do número da revista "Textura", mais um sério e válido trabalho de Cassiana Licia Lacerda Carolo para o setor de editoração da Secretaria da Cultura e esportes. Com circulação (prevista) para trimestralmente abordar um grande tema, a revista apresenta excelente nível gráfico e editorial. Especialmente o tratamento técnico além da bela diagramação criada por Augusto Camargo, da Diretriz Editorial, mereceram elogios.
Quanto ao Salão Paranaense, de bom nível, mostra um comportamento até exagerado dos artistas selecionados. Nada que choque ou polemize características de tantas mostras oficiais ou não entrou nesta 37a edição de um dos salões mais conhecidos nacionalmente. Há muito para ver e sentir, embora pouco para ser discutido.
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