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Aramis

Wonder, Paul e Moroder nas trilhas do cinema

Três trilhas sonoras que atingem não apenas o fiel público colecionador de sound-tracks mas, especialmente, a faixa jovem. De princípio, o excelente Stevie Wonder, ausente hás quatro anos, retorna às listas dos mais vendidos com a trilha de "A Dama de Vermelho" (The Woman in Red, de Gene Wilder - ainda inédito no Brasil). O álbum (4o lugar na lista da "Bilboard"), deu origem a um compacto de grande sucesso - "I Just Called To Say I Love You". Mas a melhor faixa é o instrumental "It's More Than You". A tecnologia moderna permite que Stevie Wonder seja uma banda de um homem só, onde que r que ele se apresente. Mas na gravação desta trilha (edição da RCA), Wonder requisitou também alguns instrumentistas - como os ótimos Isaiah Sanders (teclados, bateria), Bem Bridges (guitarra) e Nathan Watts (baixo) no citado "It's More Than You". Além da multiplicidade nos instrumentos, Wonder convocou outra superstar em alguns vocais: Dione Warwick divide as interpretações de "Weakness", "It's You" (uma longuíssima letra e belo solo de harmônica) e "Moments Aren't Moments". Há cinco anos, Wonder já havia produzido outra bonita trilha sonora ("The Secret Life of Plants"), mas o filme nunca chegou ao Brasil. Esperamos que "The Woman in Red" seja visto nas telas. A propósito. O sucesso desta sound-track foi tamanha que a Motown decidiu adiar pra fevereiro o novo álbum de Wonder, cujo título provisório é "Square Circle". Se George Harrison produziu e musicou "Time Bandits", seu ex-companheiro de quarteto Paul MacCartney não deixa por menos: é o roteirista, ator e, naturalmente, criador da trilha sonora de "Give My Regards to Broad Street". Sobre este filme dirigido pelo desconhecido Peter Webb (sem data ainda de lançamento no Brasil), pouco se conhece, a não ser o fato de no elenco estarem outros nomes famosos: o também Betleano Ringo Star, Linda McCartney, a bela atriz Barbara Bach e o veterano Sir Ralph Richardson. Entretanto, a trilha sonora, lançada em novembro pela Odeon, caminha para ficar entre os discos mais vendidos da temporada. Afinal, Paul MacCartney tem um público fidelíssimo e somando a composição novas, feitas especialmente para o filme ("Not Such A Band Boy", "No Values", "No Moe Lonely Nights", "Wanderlust", "Silly Love Songs" e a faixa-título), há o aproveitamento de algumas das mais deliciosas parcerias com o inesquecível John Lennon: "Good Day Sunshine", "Yesterday", "Here, There And Everywhere", "Long Na Winding Road" e, especialmente "Eleanor Rigby". A reunião de Paul (vocais, piano) e Ringo (vocais, bateria) já é uma consolação aos órfãos do Beatles. A produção deste disco foi extremamente bem cuidada. Em cada faixa, o equilíbrio instrumental e vocal procurou transmitir todo o emolduramento que marcou os "Beatle's Years" - e o resultado é que, independente das imagens, a trilha deste "Give my Regards for Broad Street" funciona como um esplêndido painel sonoro. Há 59 anos, o alemão Fritz Lang (1890-1976) realizou um clássico do expressionismo alemão: "Metrópolis" . Science-fiction de colocações políticas "Metrópolis" foi agora remixado, sonorizado e submetido a um processo de colorificação de forma a ter condições de atingir novamente os circuitos comerciais. Durante o Io FestRio, há duas semanas, tiveram lugar as primeiras exibições desta versão-84 de "Metrópolis", que em janeiro chegará aos cinemas. A grande surpresa, é que coube a Giorgio Moroder, o industrializador do ritmo discotheque e ultimamente bastante ligado a criação de trilhas sonoras, a iniciativa de promover este reaproveitamento de um filme até hoje só visto em Cinematecas. Para chegar as faixas jovens - o público que curte, habitualmente a sua música - a banda sonora "Metrópolis" ganhou a participação de interpretes de muita voltagem: Freddie Mercury ("Love Kills"), Pat Benatar (Here's My Heart"), Jon Anderson ("Cage of Freedom"), Bonnie Tyler ("Her She [Comes]"), Billie Squier ("On Your Own"), Adam Ant ("What's Goin On") e dos grupos Cicle V ("Blood From Astone") e Loverboy ("Destruction"). Não deixa de ser, no mínimo, curioso, a visão que Lang tinha, há 60 anos passados, do terrível mundo do futuro (a ação se passa em 2026), nas quais a exploração do homem pelo homem mais se acentua.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
20
09/12/1984

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