"Actus Solemnis"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de dezembro de 1977
Carmem Costa, que esteve no último mês de outubro se apresentando no Teatro Guaíra, pelo projeto Pixinguinha, está novamente em Curitiba para, de 14 a 24 próximo, apresenta um espetáculo de Natal: "Actus Solemnis", sob direção de Oraci Gemba, no Paiol e várias igrejas.
Seu verdadeiro nome é Carmelita Madriaga, mas há 39 anos, foi batizada artisticamente como Carmem Costa. Neta de escravos, nasceu em Macaé, no Rio de Janeiro e diz que teve uma vida dura, pois nem mesmo tinha condições financeiras para ir a escola. Aos dez anos começou a trabalhar como ama-seca em Niterói, pois não sabia ler e escrever, sobrevivendo por trabalhar em casas de família. Nesta época foi que conheceu "Henricão", que a iniciou na vida artística, convidando-a para cantar na gafieira "Elite". Logo em seguida, ela foi contratada pela Rádio Nacional, em 1943.
Quando cantou no Copacabana Palace e na "I Feira de amostras de Manaus", foi que conheceu o americano Khoeler, que no mesmo dia convidou-a para casar, o que ela aceitou. A partir de então, Carmem morou durante 28 anos nos Estados Unidos. Por volta de 1953 é que Carmem resolveu voltar a cantar, gravando "eu sou a outra", pela Copacabana. Em 1958, ao viajar para o México, a fim de cumprir contrato para cantar em diversos locais, foi comunicada de que estava dicorciada.
No México, gravou o elepê "Carmem Costa no México", com músicas de Vinícius, Doores Duran, Tom Jobin e Ataulfo Alves. A partir deste disco é que começou seu reconhecimento como cantora, o que originou uma série de convites por diversos países.
Hoje, crítico comparam a voz de Carmem Costa à de Billie Holliday, a mais dramáticas das damas do jazz. Ricardo Cravo Albin, ex-diretor do Museu da Imagem e do Som, a inclui ao lado de Nora Ney, Carmen Miranda e Elizete Cardoso entre as quatros estilistas da música popular brasileira.
FOTO LEGENDA- Carmem Costa cantará dia 14 no Paioil
PELÉ NO BANCO
Com relação ao pronunciamento feito por Pelé na Câmara Federal e Senado recentemente, Ulisses Guimaraes não deixou por menos. "Agora o Brasil tem um novo constitucionalista. Ao receber a homenagem do povo brasileiro, através de senadores e deputados por ele eleitos, contraditoriamente Pelé doutrina que o povo brasileiro não sabe votar. A declaração insensata e indelicada mostra que Pelé é bom de bola, mas ruim de história. Os adversários da Abolição diziam que os escravos não estavam 'amadurecidos' para a liberdade. Tivesse vingado tal conceito hortigranjeiro que estranhamente assemelha povos a frutas, o 13 de maio não teria redimido a raça negra". Já o deputado arenista Álvaro Valle, depois de considerar Edson Arantes como um legítimo representante do povo brasileiro, disse: "Pelé tem tanta força no pé, por que exigir que tenha alguma na cabeça?"
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Entre os formandos de medicina da
Universidade Federal do Paraná (a
ceromônia de entrega de diplomas
será dia 15, no Teatro Guaíra), está
Godart Yoshihiro Kinoshita. Godart
integrou a equipe de Tecladores de
O ESTADO por algum tempo.
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