Ana e Whitney, duas presenças mui belas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de junho de 1985
Dragão voraz que exige sempre novas virgens - digo cantoras, o mercado fonográfico absorve rapidamente as new face que surgem em diferentes latitudes e com estilos diversificados. Assim se em Londres uma nigeriana chamada Sade faz sucesso - e já chega ao Brasil, da Espanha vem a bela Ana Belen, avalisada musicalmente em seu primeiro elepê (1984) por Chico Buarque - cujas canções gravou em seu país - e que agora aparece com um novo (elepê(, "Geminis" (CBS).
Já dos Estados Unidos aparece Whitney Houston (Newark, Nova Jersey, 9/8/1963), da última safra de cantoras e que começou bem. Nada menos do que "Village Voice", órgão oficial do mais intelectual dos bairros novaiorquinos (Greenwich Village) disse a seu respeito: "Ela tem a aparência, a voz e o estilo de Lena Horne, quando esta tinha a sua idade". Comparada a uma "elegante Billie Holiday jovem" por seu potente vibrato, viu ainda sua voz enaltecida como "é do tipo que nos faz rir e pular ao mesmo tempo".
Também tem escola. Sua mãe, Cissy Houston, foi uma das mais respeitadas cantoras de ruthm and blues nos anos 60 e Dionne Warwick é sua prima-irmã. Frequenta estúdios desde os 12 anos, integrando coros e recentemente apareceu como segunda voz em discos de Chaka Khan, Lou Rawls, e The Neville Brothers. Aos 15 anos, foi com a mãe ao Japão. Seu estilo, ao menos em parte, lembra o gospel e o soul de Cissy, mas tem uma marca própria. Aos 21 anos, esta bela criola já foi modelo e apareceu em revistas como "Seventeen", "Glamour", "Young Miss" e "Cosmopolitan". Agora, chega ao seu primeiro lp (Arista/Ariola), com uma produção cuidadosa e merecendo, por exemplo, duetos de Jermaine Jackson em "Take Good Care of My Heart" e Teddy Pendergrass em "Hold Me". Músicas novas, em arranjos apropriados ao seu estilo e um esquema para lhe dar um espaço internacional. Pelo menos, visualmente impressiona.
Também um piteu visual, a espanhola Ana Belen sentiu boas possibilidades no mercado brasileiro. Tanto é que após fazer "O Que Será" (Chico/Milton) aparecer na versão em espanhol, inclui em "Geminis" quatro versões feitas por amigos brasileiros. Ronaldo Boscoli escreveu "Só Te Peço A Deus", uma das faixas fortes deste "Geminis". Já Fagner - um dos compositores que dividiu um especial de Ana Belen para a televisão espanhola - fez a versão de "La Paloma", enquanto Boscoli também adaptou "Espanha, Camisa Branca", de Victor Manuel - que é o feliz marido de Ana. A Fausto Nilo coube a delicada "Mira Luna", versão do original francês "Le Jours de Moison". As outras músicas (provêm( de compositores internacionais, com Vangelis, Anderson e até Elton John.
LEGENDA FOTO - Ana Belén: mercado hispânico e brasileiro.
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