Artigo em 25.12.1981
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de dezembro de 1981
O empresário Júlio Kruguer termina 1981 decidido mesmo a se desfazer das Produções Cinematográficas Guaíra, que fundou há 20 anos com o acervo adquirido do polêmico Claudio Gava - nome famoso no governo Moisés Lupion. Durante os anos 60, Kruguer ampliou a sua já considerável fortuna com o faturamento da Guaíra, fazendo lucrativos cine-jornais e documentários quase sempre financiados pelo governo do Estado e os quais, bem ou mal, documentam uma fase da vida política do Paraná. Nos anos 70, a verba para a mídia publicitária sofreu reduções e embora Kruguer tenha investido em equipamento para produzir filmes publicitários e tentado formar um grupo de bons realizadores, não conseguiu o prestigiamento esperado por parte das agências de propaganda, que alegando (discutíveis) razões de qualidade, começaram a procurar as caríssimas produtoras do eixo Rio-São Paulo e, nos últimos 5 anos, também em Porto Alegre.
Como aqui registramos, há algumas semanas, Julio Kruguer pensa em vender o seu equipamento e acervo, e a primeira proposta - naturalmente, foi para o governo. E ele tem um bom argumento: com o equipamento da Guaíra, poderia-se formar uma central de produção capaz de dar condições [à] formação de cineastas e técnicos locais. Além do mais, o acervo seria preservado. A proposta, obviamente, encontra opositores - e a fórmula ideal seria que Kruguer doasse todo seu patrimônio, com o que não concorda. Em compensação, jura de pés juntos que se o governo criasse uma central de produção cinematográfica, o cineasta Mauro Alice, um dos mais competentes montadores de cinema do País, curitibano de nascimento e que mora há 30 anos em São Paulo, voltaria para a sua cidade e transmitiria seu grande know-how aos interessados.
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