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Aramis

Artistas em assembléia para discutir problemas

Por três noites - de segunda a quarta-feira, nesta semana - dezenas de associados do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado do Paraná estiveram reunidos, em assembléia geral, discutindo e analisando uma questão muito grave: a caótica situação da cultura no Paraná. Foram dezenas de profissionais - representando as áreas do teatro, circo e dança - que levantaram questões importantes, em relação ao impreciso e vazio "Plano de Ação Cultural-1986", que só após muita pressão do Sindicato, foi, finalmente, apresentado a classe. Quem acompanhou as assembléias - que se estenderam por muitas horas, com nomes conhecidos de nossas artes numa participação intensa - sentiu a tensão, a preocupação - mesmo o desespero - em relação ao marasmo, indiferença e falta de perspectivas para as artes e espetáculos em nosso Estado. Mais do que simplesmente criticar a omissão da Secretaria da Cultura e do Esporte (sic), os profissionais levantaram problemas abrangentes, que dizem respeito a toda uma filosofia de governo - tão decantada nos palanques, em 1982, e esquecida, totalmente, nestes três anos da caótica administração José Richa. Na noite de ontem, a assembléia deve ter aprovado a redação de um documento contundente, colocando as inquietações dos profissionais de espetáculos e diversões do Paraná de forma clara e precisa - numa necessidade inadiável de denunciar a situação à opinião pública - inclusive para preservar os próprios artistas e técnicos, que se vêem cada vez mais tolhidos em suas realizações, descrentes da política oficial do governo. Na assembléia de terça-feira, 18, entre outras sugestões foram analisadas as possibilidades da classe exigir da Assembléia Legislativa a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar, dura e profundamente, todos os escândalos, erros, perseguições e descalabros ocorridos nos organismos oficiais ligados a Cultura Parananese na atual administração. Outra idéia levantada foi a de denunciar em nível nacional - especialmente junto ao Ministério da Cultura - o que vem ocorrendo no Paraná na área - já que apesar da gravidade da situação, ainda há quem tenha ilusões sobre a ação (sic) do governo José Richa no setor. Não se trata mais de críticas individuais, reclamações pessoais, interesses contrariados. A classe artística do Paraná, através de seu Sindicato esteve reunida por três noites analisando uma situação insustentável. As denúncias foram feitas, documentos serão levados aos nossos deputados, esperando-se que alguma coisa seja feita. Pior do que está, é impossível continuar...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
20/03/1986

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