A boa programação no Rio e São Paulo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de agosto de 1987
A programação do Free Jazz Festival não poderia ser mais eclética e abrangente. Instrumentistas de vários estilos e fases para atrair o público jovem. Assim, no Rio de Janeiro, a programação será a seguinte: Dia 2 - Michael Petrucciani, pianista, que fez seu primeiro disco aos 16 anos e que compensa seu pequeno tamanho (não chega a medir um metro e pesa 20 quilos) com uma extraordinária musicalidade e aos 25 anos já tem um estilo personalíssimo. Na mesma noite apresenta-se Gil Evans Orchestra, regida pelo lendário maestro e arranjador, 75 anos, colaborador de Miles Davis em alguns de seus mais belos momentos fonográficos (um deles, "Sketches os Spain", acaba de ser lançado pela CBS/Breno Rossi).
No dia 26 o brasileiro Antônio Adolfo une-se ao nigeriano King Sunny Adé e ao grupo Spyro Gyra para um espetáculo que será, no mínimo, original.
No dia 4, Sunny Adé volta a se apresentar, numa noite em que também estarão exibindo-se o tecladista brasileiro Marcos Ariel e o guitarrista Lee Ritenour.
No dia 5, a apresentação abre com o pianista paulista Guilherme Vergueiro, vários discos gravados na Dinamarca, segue com o saxofonista Leo Gandelman e encerra com a The Chick Corea Elektric Band.
No dia 6, dois virtuoses do violão: o brasileiro Rafael Rabello e o internacional Jim Hall. Complementando, o já lendário Philip Glass Ensenble, que mostrará, pela primeira vez no Brasil, a música minimalista (para alguns, "new age") deste vanguardista compositor americano, que se tornou conhecido após fazer a trilha sonora do filme "Koyaanisqatsi".
Dia 7, encerrando a fase carioca do Free Jazz, um momento especial: a Orquestra de Cordas Dedilhadas de Pernambuco, revelada há dois anos em elepê produzido por Hermínio Bello de Carvalho, na FUNARTE (distribuído internacionalmente) abre a noite, que terá a seguir dois nomes maiores do jazz: Art Blakey & The Jazz Messengers e Sarah Vaughan.
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Em São Paulo, a programação incluirá outros instrumentistas brasileiros mas manterá os internacionais.
No dia 9, na abertura, Laurindo de Almeida, violonista, compositor, 60 anos a serem completados no dia 2 de setembro, há 40 residindo nos EUA, abre a programação. Em seguida, Jim Hall na guitarra e o pianista Michel Petrucciani e, encerrando, Philip Glass Ensenble.
No dia 10, a programação será bem diversificada: o pernambucano Dominguinhos, o chamado "acordeonista pop" abre a noite, seguido pelo grupo Spyro Gyra e encerrando com Sarah Vaughan.
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A terceira edição do Free Jazz Festival acontece numa época em que apesar da crise fonográfica, importantes lançamentos se sucedem. Só a CBS já colocou nas lojas mais de trinta álbuns do melhor nível - do tradicional a vanguarda; a Polygram vem ampliando seu catálogo e, com a motivação do Festival, a EMI/Odeon, a RCA e outras etiquetas também estarão ampliando o leque de opções sonoras.
Enfim, o jazz deixa de ser privilégio daquele reduzido público que viajava ao Exterior para assistir aos grandes espetáculos. E nomes notáveis como os selecionados para o Free apenas ampliam um mercado que pode ser sedimentado a partir de 1988. E por que não, a inclusão de Curitiba, também neste eixo? É uma questão de agilização do Teatro Guaíra e do próprio Blue Note Jazz Club.
LEGENDA FOTO 1 - Laurindo de Almeida
LEGENDA FOTO 2 - Jim Hall
LEGENDA FOTO 3 - Gil Evans
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