Charquetti, o parapsicólogo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de julho de 1976
No Congresso Internacional de Parapsicologia e Medicina Psicossomática, que inicia sexta-feira, em São Paulo, o médico e jornalista Percyval Charquetti, 56 anos, estará presente, com um relatório em detalhes do "caso Piantadose", onde focaliza a estranha força mental do garoto Luís Carlos Piantadose, 16 anos, residente na Rua Benedit Conceição, 690, no Capão da Imbuia, que provoca estranhas situações, com objetos deslocando-se de um lado para outro dentro da humilde casa de madeira em que vive com seus pais, 3 irmãos e um primo.
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Jornalista há 31 anos - 26 em O ESTADO, do qual foi fundador, prêmio Esso de Reportagem há 20 anos, com a série "Garimpo Canaã de Ilusões", Charquetti sempre foi interessado por parapsicologia. Há 29 anos, quando morava em Pinhalão, às 3 horas da tarde de 24 de fevereiro de 1947, viu a safira de seu anel de formatura, dado por sua mãe, ser riscada, movido por uma força estranha num prego onde estava pendurado uma tolha de rosto. No dia seguinte, Charquetti recebeu a notícia de que exatamente naquela hora, em Curitiba, havia falecido a sua mãe. Assim, há 3 anos, quando soube de estranhos fatos que ocorriam na rua Leopoldo Belzack, 34, em que objetos moviam-se pela força mental de um menino de 13 anos, Charquetti ali esteve. O seu interesse não se restringiu durante o período em que ocorreram os fenômenos - cerca de um mês, na época amplamente divulgados pela imprensa. Como médico e parapsicólogo, decidiu submeter o menino Luís Carlos a uma série de exames - inclusive psiquiátricos e tornou-se amigo da família, que passou a visitar periodicamente.
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Os fenômenos desapareceram tão misteriosamente como surgiram, e nos últimos 3 anos Luís Carlos Piantadose [freqüentou] o Colégio Maria Aguiar Teixeira, embora se mantivesse reservado e um pouco solitário. Há duas semanas, após as apresentações de Uri Geller no Brasil, Luís Carlos Piantadose voltou a ter a estranha força mental que, sem que ele possa controlar ou determinar o momento, provocam a levitação de objetos - garrafas deslocam-se de um lado para outro, quebram chocando-se nas [paredes], panelas com alimentos sobem até o teto, garrafas com bebidas alcoólicas partem-se em dezenas de pedaços e a noite, telhas partem-se sem motivos aparentes. Ontem, pela manhã, a Bíblia que o pai de Luís Carlos, o napolitano Piantadose, 46 anos, há 22 anos no Brasil, insistia em que permanecesse sobre a mesa, voou misteriosamente para o quarto. Luís Carlos mantém-se calmo, embora irrite-se quando seu pai insiste em atribuir os fenômenos "ao espiritismo". Sua mãe, dona Remi, é católica e ele formou-se nesta religião - como seus irmãos Roberto, 18 anos, estudante de arquitetura, Giovanni, 10 anos, e Jacqueline, 6.
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Para Percyval Charquetti o fenômeno embora raro não é único: já se conhecem casos semelhantes na Alemanha e mesmo no Brasil, mas para que possa haver uma explicação lógica haveria necessidade de utilizar um Detector de Campo Biológico, unidade desenvolvida pelo cientista Sergeyeff, há 4 anos, em Moscou, e cuja utilização fora da URSS até hoje não foi permitida. A partir de sexta-feira, no Congresso de Parapsicologia, em São Paulo, Charquetti pretende expor o caso e esclarecer melhor os seus pontos de vista a respeito.
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Junto com Charquetti, também estará no Congresso o professor Geraldo Dallegrave, presidente do Instituto Paranaense de Parapsicologia.
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