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Chateado com Curitiba, Zé fará teatro lá fora

Descrente, magoado e cansado da mediocridade do teatro no Paraná - na qual tem sido um dos profissionais mais corretos e independentes, José Maria Santos, 52 anos, três décadas de palco, vai para São Paulo "e se tiver oportunidade não pretendo retornar tão cedo, apesar de toda afeição ao meu Estado e algumas pessoas que aqui residem...mas não aos que fazem teatro, salvo algumas exceções", diz, em sua sinceridade de bom lapiano. A partir do dia 24 de setembro, "Zé Maria procura Sarney para se coçar" - sempre adaptado e atualizado, "as mancadas atuais do nosso presidente" - estará sendo representado no Teatro Igreja (Rua 13 de Maio, 830 - bairro do Bexiga), nos fins de semana. Nas quartas e quintas-feiras, leva uma produção do grupo Delírio, texto e direção de Edson Bueno - "Um Rato em Famíia", que apesar de todo seu simbolismo (e influências explícitas de Ionesco) tem conseguido bom público, nas várias temporadas feitas em muitas cidades do Paraná na qual foi levado nos últimos dois anos e meio. xxx José Maria Santos alugou o Teatro Igreja - um dos espaços de bom astral, que tem tido seus 230 lugares lotados com a maioria das peças ali encenadas (a última foi "Teldeum") com uma garantia mínima de Cz$ 400 mil por mês, mais uma participação nas bilheterias. O diretor Antunes Filho, um dos sócios do teatro, já acenou a possibilidade de Zé Maria associar-se ao teatro - o que poderá significar uma estadia maior em São Paulo. Paralelamente, José Maria começa a ensaiar em São Paulo, para estrear em poucas semanas, "Um Casal Aberto", de Dario Fo e Franca Rami - autores italianos dos mais conhecidos, que vêm tendo seus textos anárquicos e satíricos encenados no Brasil com sucesso (o mais famoso deles é "Morte Acidental de um Anarquista"). A direção é de Roberto Vignati e Zé Maria atuará ao lado de Regina Bastos. José Maria mostra-se confiante na comunicação de "Sarney para se Coçar": desde sua estréia, em 19 de maio de 1986, em Pelotas, já fez 343 apresentações - 63 das quais no auditório Salvador de Ferrante, em cinco temporadas. O que não chega a surpreender, pois com o monólogo "Lá", de Sergio Jockyman, estreado em março de 1970, durante 12 anos, o bom Zé ficou preso por 1.680 performances no banheiro, fazendo reflexões sobre a vida, num dos maiores sucessos de sua carreira. - "E a remontagem de "Lá", em novo clima, está em meus planos", garante.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
11/08/1988

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