A Cidade & O Tempo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de julho de 1974
Reflexo de uma nova realidade em termos de vida associativa, as fusões dos clubes não se restringem apenas [às] grandes sociedades atingindo também as entidades mais modestas, dos subúrbios, igualmente prejudicadas com o despovoamento de seus salões e afastamento dos associados - hoje com múltiplas possibilidades de preenchimento, de suas horas de lazer, deixando de [freqüentar] regularmente o clube - como acontecia em décadas passadas. Fenômeno que até agora apenas registrados nas colunas de jornais mas que, por suas implicações sociológicas, justifica inclusive uma pesquisa de maior profundidade, as fusões que começam a se multiplicar, refletem uma nova fase social-comunitária da cidade e sua população.
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Assim é que se o germânico Concórdia estuda a sua fusão com o pequeno (pouco mais de 100 associados) clube do Pilarzinho - o Tiro ao Alvo, e o aristocrático Curitibano une-se ao Paraná Golf Clube enquanto namora uma praiana aproximação com o Iate Clube de Caiobá, também sociedades de classe média - como o Operário do Ahu e o União Ahu, de um dos bairros mais antigos da cidade também somaram seus patrimônios, como única forma para sobreviverem [às] crises que ameaçam muitas entidades. A Sociedade Beneficente Rio Branco, de tradições proletárias quando surgiu como entidade protetora dos imigrantes alemães, não escondia até há pouco o seu propósito de se fundir com uma outra entidade - como a Tiro e Alvo, para poder se desfazer de seu valioso imóvel na Rua Visconde do Rio Branco - assim como fez há 3 anos outra sociedade de origens alemãs - a Duque de Caxias, que aplicou os milhões advindos da venda de sua sede urbana (Rua José Loureiro) em melhorias em seu patrimônio campestre - no bairro da Boa Vista. Agora a Sociedade Beneficente Operária das Mercês F.C., a fim de vendendo sua antiga sede na Avenida Manoel Ribas esquina com Rua Alcides Munhoz, edificada em 1918, investir em obras na área que o antigo clube de futebol daquele bairro possui em Santa Felicidade. Em Santa Quitéria, a Sociedade Beneficente e Recreativa do bairro, vencendo muitas divergências internas, uniu-se ao clube de futebol local e, no outro lado da cidade, o Clube Atlético Paissandu, de Vila Hauer, também se prepara para fundir-se [à] Sociedade Beneficente do Boqueirão. Ultrapassando os simples registros sociais - que não é objetivo desta coluna - tais fusões mostram que mesmo nos clubes há necessidade de fortalecimento econômico-social para
sobrevivência.
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