Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de janeiro de 1974
Um dos lúcidos e objetivos críticos brasileiros - ao contrário de alguns colegas, cada vez mais prolixos e ensaístas em suas pretensiosas análises - Ely Azeredo, do "Jornal do Brasil", publicou há um mês, uma crítica do filme "Bullit" que é um primor de conclusão e que, pela oportunidade do retorno do filme ao cartaz, merece ser transcrita, em seus trechos principais: O que faz de "Bullit" um filme para todas as estações? Produzido em 1968, estreou aqui em 1969 e, desde então entrou e saiu de cartaz muitas vezes, sem deixar de estar em exibição, a qualquer momento em algum ponto do mercado. Seria fácil demais explicar o sucesso com os 11 minutos de caçada humana em automóveis nos altos e baixos da topografia de São Francisco e periferia - seqüência antológica em que a audácia, o humor e a vertigem várias vezes ameaçam dar uma fechada na verossimilhança, o que não acontece tanto por eficiência técnica da produção como pela segurança da direção. Sem dúvida, o automóvel superou o cavalo na mitologia do cinema de hoje e sua idolatria ganha uma nova e patética comprovação no pasmo de apocalipse com que o homem encara algumas limitações ao seu uso em escala mundial. Mas são inúmeros os filmes de delírios automobilísticos esquecidos pelo público antes e depois de "Bullit". Aliás, o talento do cineasta Peter Yates (foto), com um roteiro mais expressivo, não deixaria dúvida, mais tarde, com o inteligentíssimo "John & Mary".
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