CINEMA
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de março de 1973
Há seis ou sete anos, a mania era os filmes de praia: um grupo de jovens - moças e mini-kines, atléticos rapazes - uma trama boboca e muita música e dança. O esquema funcionou e os cinemas faturaram. Após "Sem Destino" (Easy Rider, 1969, de Dennis Hopper) os motofilmes se avolumaram: aos primeiros da série "Hell's Angels" de Roger Corman & Cia, seguiram-se várias outras experiências, sem a seriedade crítica do filme de Fonda-Hopper, buscando apenas atingir um público na faixa entre 16-25 anos, adeptos da motomania, sexo & violência-velocidade. Neste esquema, sem nada acrescentar, está o impessoal, frio e ôco "C. C. & Cia." (Cine Glória). A presença de um novo cineasta, Seymour Robbie, obrigou a verificação, pois assim com a música de Noel Rosa diz que às vezes por uma cara feia se perde um bom coração, muitas vezes deixa-se de ver nascer uma revelação por não ser conhecido o seu nome. Quantos não lamentam hoje não ter visto o primeiro filme de Richard Lester ("O Rato que Ruge", 1956) ou Robert Mulligan ("Vencendo o Medo", 1957)? Mas, infelizmente, Seymour Robbie não conseguiu fazer absolutamente nada com o roteiro do co-produtor Roger Smith: C. C. Ryder (Joe Namath), um ex-mecânico que se agrupa a um bando de motociclistas, permanece indefinido, parecendo mais um macaco na motocicleta do que o contestador em busca da liberdade. Uma atriz excelente com Ann-Margret (foto) - remember "Ânsia de Amar" (Carnal Knowledge, de Mike Nicholson - que por sinal amanhã, as 24 horas, estará sendo reprisado no Ópera) - é desperdiçada e mesmo nem sua presença plástica-erótica foi devidamente explorada pela fotografia colorida de Charles Wheeler. A trilha sonora - com uma canção interpretada pelo falecido Oltis Redding é medíocre. Enfim: um motofilme totalmente inaproveitado, incapaz de entusiasmar mesmo os fanáticos pelas "moto-cross".
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