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Aramis

Cines Luz e Ritz poderão renascer

Os cines Ritz e Luz poderão renascer. Basta que a Fundação Cultural de Curitiba compre a idéia para batizar as duas novas casas de exibição que ganhará este ano. O cinema que a C&A está concluindo, na rua XV de Novembro, localiza-se há poucos metros de onde, por mais de vinte anos, funcionou o velho Ritz, demolido na década de 60 para dar lugar ao imponente edifício Wenceslau Glaser. Já o cinema que o Citibank dará à cidade, no térreo do edifício de 14 andares que está em fase de conclusão, na Praça Santos Andrade, poderá Ter o nome de Cine Luz. A (feliz) lembrança desse nome foi do publicitário (e poeta/compositor) Paulinho da Viola, imediatamente apoiado pelo arquiteto Manoel Coelho, que já levou a proposta à direção do banco. Coelho está fazendo toda a programação visual da nova sede própria do Citibank. Reconhecidamente um dos mais competentes profissionais da programação visual, Coelho venceu a concorrência para executar esse trabalho e, preocupado em que o cinema que ali funcionará tenha uma grande ligação com Curitiba, achou "Luz" o nome ideal para a casa, de 150 lugares. xxx A Fundação Cultural de Curitiba, que há quase 3 aos já tem, no Cine Groff, sua única unidade rentável, ganhará dois minicinemas para ampliar o circuito de exibição de filmes de alto nível artístico. Isso se deve – é bom lembrar – à sensibilidade do arquiteto Jaime Lerner, que, em duas administrações na Prefeitura, preocupou-se com o fechamento dos cinemas. Não só como espectador (e dos mais constantes, não perdendo os bons filmes em exibição), Lerner viu, também, no desaparecimento dos cinemas uma das causas do esvaziamento do centro e assim, quando a C&A e o Citibank apresentaram projetos para construir grandes prédios, o IPPUC negociou de forma inteligente: em troca de autorização para um maior aproveitamento da área, esses dois poderosos grupos multinacionais estão dando à cidade modernas salas de exibição, totalmente equipadas: carpê, revestimento das paredes, poltronas e cabines de projeção. A Fundação Cultural só terá que programá-los e administrá-los – para o que conta com o know-how de um de seus melhores assessores, Francisco Alves dos Santos, responsável pela Cinemateca do Museu Guido Viaro e Cine Groff. Naturalmente que dentro da política de exibição de filmes, que é das mais complexas e envolve muitos interesses, dispondo agora de 3 salas comerciais, a FCC poderá melhor barganhar suas áreas de projeção e obter, assim, ainda melhores condições. xxx Um pouco da história do Cine Luz. A inauguração ocorreu a 16 de dezembro de 1939, com "Meia Noite"(Midnight, 1939), de Mitchel Loisem, com Dom Ameche e Claudette Colbert. Foi o segundo prédio especialmente construído (o primeiro havia sido o Avenida, 1929), para uma casa de projeção . Construído por Teófilo G. Vidal (1891-1950), na Praça Zacarias, foi alugado a Henrique Oliva (1901-1965) por cinco contos de réis por mês conforme contrato firmado no Cartório de Claro Américo Guimarães (1901-1971), a 23 de julho de 1938, um ano antes da firma construtora (Guttierrez, Paula & Munhoz) entregar a obra. Irônico destino do Cine Luz: localizado na Praça Zacarias, era sempre inundado quando chovia e acabou destruído, em violento incêndio, na tarde de 26 de abril de 1961, quando exibia "O Homem do Sputnik" (1960, de Carlos Manga), com Oscarito, Grande Otelo e Norma Benguel (no início de carreira, satirizando a então famosa Brigitte Bardot). xxx Nos 22 anos que funcionou, o Cine Luz exibiu milhares de filmes, especialmente as grandes produções da Warner, Columbia e Paramount, nas décadas de ouro de Hollywood. O velho Oliva, que possuía também outros cinemas, era o lançador das produções daqueles estúdios, enquanto a MGM tinha contrato de exclusividade com o Cine Ópera, inaugurado a 1º de maio de 1929, com "Moulin Rouge", e fechado há 3 anos passados, chegavam as produções da 20th. Century Fox e Universal Internacional. xxx Dando os nomes de Ritz e Luz aos novos minicinemas que a cidade ganhará este ano, estará se resgatando um pouco da antiga Cinelândia curitibana dos anos 30 a 50, e que o progresso da década de 60 condenou ao fechamento. Para tudo ficar mais completo, espera-se que Paulo Sá Pinto – um exibidor desde 1947 ligado à cinematografia Curitiba (e ainda hoje o arrendatário do Cine Plaza) dê à futura sala de projeção, que se instala na Rua Conselheiro Laurindo (no antigo Santa Maria), um nome bem histórico. Por que não "Curitiba", "Smart" ou "América". Aqui fica a sugestão.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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19/01/1985

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