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Aramis

Conheça o novo superstar, o Urso

Claude Berri, um dos mais conhecidos produtores-diretores franceses, infelizmente desconhecido no Brasil (seu "Jean de Florete", incluído em várias listas como um dos filmes da década, continua inédito) em 6 de novembro de 1981, após assistir a "Preto-e-Branco em Cores" (La Victoire en Chantant), telefonou a Jean-Jacques Annaud e disse que desejava produzir seu próximo filme. Na época, Annaud estava preocupado com o lançamento de seu primeiro longa-metragem - que acabou recebendo o Oscar de melhor filme estrangeiro - mas, após uma conversa com Gerard Brach (o roteirista favorito de Polanski) definiu "The Grizzly King", de James Curwood - um livro que havia lido na infância - como o tema para uma nova produção. A história de um filhote de urso e sua mãe, perseguido por caçadores, visto através do ponto de vista dos animais, era um desafio. E como ele sempre gostou de desafios propôs sua filmagem a Claude Berri. Oito anos se passaram. Período em que Annaud leu e se entusiasmou por "O Nome da Rosa", de Umberto Eco - que o consagraria mundialmente, em 1986. Antes (1981/1983) fez outro filme fascinante: "A Guerra do Fogo" (La Guerre du Feu), um filme antropológico para o qual desenvolveu uma linguagem primitiva num trabalho em que a colaboração de Anthony Burguess (que já havia feito algo parecido em "Laranja Mecânica", 71, de Stanley Kubrick). Annaud dirigiu ainda outro longa - "Coup de Tête" (78, com o falecido Patrick Deware, nunca exibido no Brasil) e, para sobreviver, fez centenas de filmes publicitários, área na qual é um dos realizadores mais premiados. Mas durante todo esse tempo, "O Urso" não foi esquecido. Um longo processo de identificação dos melhores treinadores de animais, escolha de cenários naturais, procura de animais ideais para "representarem" os papéis, delicadas conversações sobre meio ambiente, levantamento de recursos etc., busca de know-how com especialistas em cinema de animação (como Jim Henson, da série "Muppet's"), escolha de uma experimentada equipe técnica - Philippe Rosselot (diretor de fotografia), Noele Boisson (montagem) e Toni Ludi (cenografia), além de, naturalmente, vários consultores zoológicos e científicos, já que o elenco principal tinha além dos ursos Bart e Douce, dez filhotes de ursos, uma onça, dez dobermans, alces, etc., num trabalho duro para treinadores de animais. Era abril de 1987, Jean-Jacques definia os três papéis humanos do filme: o francês Tcheky Karyo para o caçador mais velho; Jack Walllace para o mais jovem e André Lacombe para o de treinador. Finalmente, algumas semanas depois, em Misurina, próxima à turística Cortina d'Ampezzo, na Itália, a produção era iniciada, com as primeiras filmagens feitas no dia 18, realizando-se rapidamente. Em outubro do mesmo ano eram iniciados os trabalhos de montagem. Como não haveria praticamente diálogos (apenas em 10 minutos), Annaud preocupa-se com a parte sonora. Contrata Laurent Quaglio, um dos maiores especialistas em som, para a trilha sonora não musical. Em Praga, no Barrandov Studios, foi buscar Brestilav Pojar, excelente animador cinemátografico para auxiliá-lo na definição de cores - já que queria lembrar as pinturas de Pissaro e Sisley para as cenas amenas e as cores do Kovalt Wuillard para as seqüências de tensão. Em janeiro de 1988, Philippe Sarde - uma das revelações da música de cinema - começava a trabalhar na trilha musical, com temas que expressam emoções e realçam a história. Em maio/88, Annaud filma em Beaufort Sea, Noroeste do Canadá, uma última seqüência áerea que precisava para concluir o filme. Finalmente, em 6 de setembro de 1988, Annaud fazia a primeira exibição. O resto da história está nas revistas e jornais: aplausos unânimes da crítica, sucesso de público e, agora, finalmente o filme chega a Curitiba. Merece ser visto, não é? Leia mais sobre "O Urso" na última página. LEGENDA FOTO 1 - Um dos ursos "conversa" com um dos atores, numa cena de "O Urso", desde já considerado uma grande bilheteria. LEGENDA FOTO 2 - Em "O Urso", o tema "Abaixo às armas" é um grito de guerra ecológico, visto pelo ângulo dos animais. Em exibição no Cine Bristol.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
1
12/01/1990

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