Login do usuário

Aramis

As Conseqüências do fechamento do Consulado Geral da Alemanha

A República Federal da Alemanha tem um novo embaixador, Heinz Diettmann, que assumiu as funções há menos de um mês em Brasília. De princípio, não há previsão de viagem oficial do diplomata ao Sul do Brasil, mas com a decisão do governo daquele país em fechar o Consulado Geral para os Estados do Paraná e Santa Catarina, por seu gabinete nos próximos dias. A confirmação da decisão do Ministério das Relações Exteriores da RFA - o Auswaertiges Amt, em reduzir o número de representações no Exterior, dentro de um programa de contenção de despesas atinge o Paraná, com o fechamento do maior consulado existente em Curitiba, que desde 1955 atende os negócios daquele país nos Estados do Paraná e Santa Catarina. Entre as especulações feitas desde que se anunciou o fechamento do Consulado do Paraná, uma especialmente vem crescendo: a de que o consulado na cidade de Joinville. Ou seja, Curitiba perde o Consulado Geral mas Santa Catarina ganha um consulado estadual. O empresário Raimar Keaspscka, presidente da Câmara de Indústria e Comércio Brasil-Alemanha, foi um dos primeiros a procurar a consulesa Irene Grunder, tão logo soube do próximo fechamento do Consulado. Também diretores das cooperativas de Entre-Rios e Witmarsum se movimentaram para saber detalhes do fechamento do consulado. Até agora, entretanto, da parte da Assembléia Legislativa não houve qualquer preocupação dos ilustres deputados - estes sempre mais interessados em defender seus negócios do que se preocupar com a perda de representatividade do Paraná em vários setores... E o fechamento do Consulado Geral da RFA representará, como aqui registramos há uma semana, um duro golpe no já raquítico quadro de consulados oficiais em Curitiba. Da parte do governo do Estado, existe, naturalmente, discrição. Pelo próprio fato do assunto ficar na órbita do Ministério das Relações Exteriores, qualquer manifestação do governador Álvaro Dias, no sentido de sensibilizar Bonn para que a decisão seja repensada só poderá ser tomada após haver confirmação oficial do fechamento do Consulado. O que é uma faca de dois gumes: quando isto acontecer, a decisão possivelmente já será irrevogável. De qualquer forma, a chefe do Cerimonial do Palácio Iguaçu, a elegante e charmosa Maria Francisca Maeder Velloso, nestas alturas, já deve ter passado ao governador Álvaro Dias informações, mesmo que reservadas, a respeito da questão. xxx A própria consulesa da RFA, Irene Grunder, que se encontra em Curitiba desde setembro, tem se mostrado preocupada com o fechamento do Consulado. Até a última segunda-feira, dia 1º, esteve atendendo, em tempo integral, uma comissão de inspetoria da Embaixada, chefiada pelo embaixador Werner Kopenhoser, que aqui chegou na segunda-feira de Carnaval, com a missão de fazer uma completa auditoria do Consulado. A consulesa Grunder veio para Curitiba após ter servido em Bojumbura, capital da República do Burundi (4.500.000 habitantes), na África, centro-leste, entre Ruanda, Tanzânia e Zaire. Portanto, é natural que esteja se familiarizando com a cidade e estabelecendo as primeiras relações. É a primeira mulher a ocupar o cargo de consul-geral, pois nos 33 anos em que o consulado aqui existe a chefia sempre foi de diplomatas homens. Helmut Braunnert, cônsul na segunda metade dos anos 50, acabou gostando tanto de Curitiba que ao se aposentar aqui se fixou. Foi substituído por Roland Zimmermann, que aqui permaneceu por um longo período - e hoje é o Embaixador da Alemanha Ocidental em Cuba. Foi substituído por Kurt-Arthur Schwartze (1925-1986), que posteriormente esteve na representação da RFA na ONU, em Nova Iorque e na Argentina, antes de voltar para Bonn. Seu substituto, Hans-Georg Fein, hoje se encontra em São Paulo e o último cônsul-geral, que aqui permaneceu por 3 anos, o discreto Wolf Hasso Von Maltzahn, está hoje no Canadá. xxx Durante longos períodos, entre as designações de diferentes diplomatas - a partir de Schwatze, quem respondeu pelo Consulado Geral foi o jovem Karl-Heinz Neumann, hoje adido junto a Embaixada em Brasília. Jovial, simpático, extremamente bem informado, Neumann e sua esposa, a mineira Eneida, uma morena elegante e bonita estabeleceram excelentes relações em Curitiba, aqui deixando centenas de amigos. Como diplomata, Neumann desenvolveu excelente trabalho, fortalecendo especialmente as relações culturais e econômicas. Seu amor pelo Brasil o fez retornar a Brasília, após ter servido algum tempo em Bonn. Não foi apenas o cônsul Helmut Braunert, que se identificou tanto com Curitiba que para aqui retornou ao se aposentar da carreira diplomática. O professor Heinrich Heimer - que em 1980 substituiu a Helmuth Liede na direção do Instituto Cultural Brasileiro - Germânico/Goethe Institut, também se apaixonou por Curitiba. Tanto é que ao se aposentar do Goethe, decidiu ficar em Curitiba, onde vive tranqüilo e feliz com sua esposa, Teresa. Hoje, o Goethe Institut é dirigido pela professora Heidrun Brueckner.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
04/03/1988

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br