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Aramis

A Alemanha e os seus diplomatas

Há dois novos diplomatas de carreira em Curitiba, que embora tendo chegado há alguns meses, até agora nem estabeleceram maiores contatos fora de suas áreas específicas de trabalho. Tratam-se de duas vice-consulesas da República Federal da Alemanha: Maria Reckhorn, vindo de Adis-A-beba, na Etiópia - encarregada aqui da área de Cultura e Comunicação; e a sra. Gabriel Kowal, que já havia servido no consulado no Rio de Janeiro. Com a posse das novas diplomatas, o cônsul-geral, Wolf Hasso Kahe von Maltzahn, que aqui se encontra há quase três anos, pode ter um pouco mais de tempo livre para estabelecer contatos. Ao contrário de seus antecessores, Kahr von Maltzahn, descendente de uma das mais nobres famílias alemãs, é avesso a festas limitando-se, no calendário oficial das recepções da República Federal da Alemanha. xxx Aliás, um projeto interessante seria a análise das relações dos diversos países que já passaram pelo Paraná. Ao lado dos cônsules honorários - onde há alguns que nem sequer conheceram os países que representaram (ou representam), a personalidade de cada diplomata de carreira designado para o Paraná faz com que se estabeleçam maiores ou menores vínculos com a sociedade, imprensa e empresariado local. Há os cônsules de carreira que buscam uma integração a comunidade, estabelecendo fortes vínculos de amizade, enquanto outros permanecem praticamente ilhados em suas representações, só abertas nas datas oficiais. Por exemplo, há muitos anos que afora a colônia polonesa, poucos são os que têm contatos com os diplomatas do Consulado Geral da República Popular da Polônia - a segunda maior representação no Paraná. E, no início dos anos 60, o sempre lembrado cônsul-geral Piotr Glowacki, era um dos que mais recebia e promovia eventos culturais de seu país entre nós. xxx A propósito do consulado da Alemanha, alguns dados históricos. O primeiro cônsul de carreira a servir no Paraná foi Jorge de Druzina, entre 1892 a 1898 - tendo inclusive transferido a representação diplomática de Paranaguá para Curitiba. Foi substituído pelo cônsul Emil Baerecke, que aqui permaneceu seis anos. O cônsul seguinte, Eduard Heinze que retornando à Alemanha, foi substituído pelo vice-cônsul Pistor. O diplomata seguinte a assumir foi August Feigel, que permaneceu por quatro anos. Devido a I Guerra Mundial, por três anos o consulado ficou sem titular, sendo que de 1920 a 1927 houve apenas encarregados de negócios, Wilhelm Schack por 5 anos e Hans Garbes por dois anos. Finalmente, em 15 de agosto de 1927, assumia um cônsul de carreira, Ludwig Aeldert, que aqui permaneceu até a metade dos anos 30. xxx Em 1922, a presença alemã em Curitiba era de aproximadamente 25 mil pessoas - entre imigrantes e descendentes da primeira geração, conforme um artigo do historiador Ermelino de Leão publicado no "Álbum Comemorativo à Exposição-Feira Interestadual de Curityba", referente entre 1933/4. Em 1935, a presença dos alemães já havia crescido bastante - aproximadamente 40 mil pessoas. O artigo de Ermelino de Leão era encimado com fotos do "chanceler Hitler", adjetivado da "figura de grande projeção na política européia" e da Ludwig Aeldert, "ilustre cônsul da Alemanha no Paraná". A mesma edição do "Álbum Comemorativo" dedicava mais dois generosos espaços a forte presença alemã na Capital: "Interessante e novo programa de Colonização, no Brasil, de sociedade alemã" - que detalhava a forma legal de fixação dos colonos alemães com um gasto de cinco mil contos de réis - e uma reportagem sobre o consulado Geral da Alemanha, ilustrado inclusive com uma grande foto da biblioteca, "com revistas e jornais - oferecidos aos interessados".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
29/11/1986

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