Criança, meu amor
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de fevereiro de 1977
Sol, gato, coelhos, nuvens, flores e sobretudo a criança: eis o mundo recriado por Cecília Meireles em "Criança, Meu Amor", que a Nova Fronteira acaba de publicar.
Nas páginas desse livro de Cecília Meireles há o imaginário, o bom conselho, o humor, a fantasia, o mundo privado da criança em todos os sentidos. Nelas encontraremos, por exemplo, a história das meninas que tinham flores nos jardins menos Noêmia, pois dera tudo aos que passavam; a do gato Radamés que exorta o inverno a não castigar as crianças necessitadas de sol. São verdadeiros poemas, em prosa, construídos com as melhores características que fizeram de Cecília Meireles a maior voz lírica de nossa poesia: delicadeza de sentimentos, leveza e ao mesmo tempo profundidade de raciocínio, e aquela insuperável capacidade de fazer música só com palavras, ainda mesmo, em prosa.
"Criança, Meu Amor" não é apenas, portanto, mais uma história infantil. É, antes de tudo, um poema, embora não escrito em versos: um poema dirigido, em primeiro lugar, à própria criança. E, em segundo lugar, aos pais e professores para que nele percebam que educar é muito menos estabalecer regras e mandamentos de boa conduta do que levar a criança a assumir com responsabilidade, poeticamente, a própria liberdade de existir. 104 páginas, ilustrações de Marie Louise Nery, Cr$ 60,00 o exemplar, Editora Nova Fronteira.
LEGENDA FOTO 1 - Cecília Meireles. CRIANÇA MEU AMOR.
Enviar novo comentário