Esporte e merenda Pró-Criança do nosso Paraná
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de junho de 1985
O deputado Mário Pereira viveu momentos de muita alegria há duas semanas. É que o Projeto Pró-Criança passou para a esfera da Secretaria de Estado da Educação, com um reforço orçamentário de Cr$ 300 milhões, e será desenvolvido em quatro módulos, em Cascavel, no próximo semestre. Os resultados obtidos na implantação do módulo-piloto no Jardim Floresta, também em Cascavel, a partir de 3 de outubro do ano passado, foram tão expressivos que o governador José Richa se convenceu da necessidade de ampliação do projeto este ano. E o Pró-Criança só não atinge uma escala estadual - ou ao menos regional, como era o ideal - devido à oposição de setores comprovadamente incompetentes do governo estadual.
Dentro de algumas semanas, o deputado Mário Pereira estará publicando um pequeno livro, no qual relata, com detalhes, como o Pró-Criança nasceu e os resultados obtidos na primeira experiência, mostrando suas potencialidades para estimular as crianças à prática dos esportes, canalizar, positivamente, suas energias e, ao mesmo tempo, nutrir as faixas mais carentes da infância.
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Catarinense de Itajaí, 40 anos, engenheiro civil, radicado há muitos anos em Cascavel, onde fez carreira como líder em vários segmentos sociais, Mário Pereira tem se revelado um dos mais atuantes parlamentares. Participando de várias comissões, voltado sempre para os problemas sociais, preocupa-se com a evasão escolar e, especialmente, com a ociosidade das crianças das camadas mais humildes, na periferia, que acabam marginalizadas. Assim, idealizou um programa de práticas de esportes, em espaços naturais (praças, ruas, terrenos baldios), com a distribuição de uma segunda merenda escolar, como forma de atrair as crianças carentes. Destinada aos alunos matriculados nas escolas públicas, o Pró-Criança desenvolve-se em horários alternativos, em relação ao período escolar, podendo, assim, cada núcleo atender mais de mil participantes - 500 em cada turno, sob orientação de um professor e monitores (um para cada 100 crianças).
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Argumentos não faltam para provar a felicidade dessa idéia, verdadeiro Ovo-de-Colombo, que, em sua simplicidade, possibilita atingir a curto prazo milhões de crianças, não para formar supercampeões, mas tomando a educação como objetivo-básico, a integração escola-comunidade, a melhoria do rendimento escolar, alem de alimentar e atuar na organização social, utilizando o esporte como grande motivação e instrumento de educação e promoção social.
O espírito esportivo, a competitividade salutar, a importância de a criança aprender, através do esporte, a receber a vitória com humildade e, principalmente, a descoberta da própria criança em suas potencialidades, fazem do Pró-Criança um programa dos mais felizes. Como diz o deputado Mário Pereira, não se trata de um programa esportivo em busca do medalhismo, tentando formar superatletas. "Fosse esse o direcionamento e teríamos marginalizados aqueles que não possuem aptidão para o esporte.
Mas, evidentemente, envolvendo milhares de crianças, irão surgir futuros campeões das diferentes modalidades esportivas, que, nos clubes especializados, nas organizações públicas municipais dedicadas ao esporte, deverão ser treinados e orientados exclusivamente para competições, mas já fora do Pró-Criança".
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Motivando as crianças nas horas de folga, estimulando a prática do esporte, distribuindo uma segunda merenda escolar, o "Pró-Criança obteve, nessa primeira experiência, ótimos resultados (ver nota abaixo). Entretanto, chegou a receber pressões, de técnicos da Secretaria da Cultura e do Esporte, preocupados apenas em "formar campeões" e esquecendo a importância da participação ampla da juventude".
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