Dorothy lembra sua vida com o Caruso
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de junho de 1992
Falando em livros sobre música, um lançamento que já teve rápidos registro (inclusive com reprodução da capa) nesta coluna, mas que merece maiores detalhes: "Enrico Caruso - Sua Vida e Sua Morte" de Dorothy Caruso (Editora Nova Fronteira, 246 páginas, tradução de Marta Rodolfo Schmidt). Biografias sobre "O Grande Caruso" existem várias, mas esta tem um toque muito pessoal: foi escrito por sua última esposa, Dorothy Park Benjamin Caruso (1902-1955), neta de um famoso jornalista, Park Benjamin, que foi editor associado de Horace Greeley, do "New York" (semanário fundado em 1834) e amigo de escritores como Edgar Allan Poe, Henry Wadsworth Longfellow e Oliver Wendel Holmes. Embora filha de nova-iorquinos, viveu a maior parte de sua vida na França e Itália. Durante os primeiros anos da II Guerra Mundial permaneceu na França para ajudar a vestir e alimentar as famílias carentes dos Alpes. Em 1942, voltou à América onde viveu até a sua morte em 1955. Conheceu Enrico Caruso (1875/1921) em 1917 e logo casariam. Dois anos depois nasceria Glória, sua filha.
"Escrevendo este livro - diz Dorothy - registrei fielmente todas as palavras e ações de Enrico que podiam explicá-lo para o público - não apenas àqueles que tiveram o privilégio de ouvi-lo cantar, mas também aos que nem eram nascidos quando ele morrei".
Ao voltar a América, em 1942, Dorothy descobriu que Enrico não foi esquecido, "mas vivia, como se nunca tivesse morrido" e assim decidiu oferecer seu depoimento para se conhecer melhor o tenor que arrebatou auditórios de todo o mundo e mudou a maneira de cantar. Sem usar a ordem cronológica, sua viúva escolheu "um momento no tempo a partir do qual posso olhar para a frente e para trás, como se estivesse numa porta entre duas salas conhecidas". Assim, o livro começa com a partida do casal, quando, deixava a Itália para morar nos EUA. Em seguida, num flash-back, Dorothy relembra os fatos mais marcantes da personalidade de Caruso e descreve minuciosamente seu dia-a-dia, explicando algumas lendas em torno do cantor e mostrando sua verdadeira dimensão humana e artística. Como se fechasse o círculo de uma existência, o livro termina com a partida dos EUA para a Itália, onde Caruso, que era 20anos mais velho que a mulher, veio a falecer na mesma Nápoles onde tinha nascido.
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