Cultura brasileira (I)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de julho de 1977
Os exibidores Isidoro Lassalvia e Mário Leopoldo dos Santos, que já dominam 70% do mercado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com um patrimônio que o classifica entre os maiores contribuintes do imposto de renda, terão este ano que pagar ainda mais imposto sobre os seus lucros. Pois o filme "O Menino da Porteira", cujos direitos de exibição para os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram por eles adquiridos já faturou mais de Cr$ 10 milhões e, pelos mapas de controle, é de se admitir que a rentabilidade continuará - pois a maioria das cidades do Interior, o filme estrelado pelo cantor Sergio Reis tem sido maior do que superproduções americanas, como "O Exorcista", "Inferno na Torre" e "Tubarão".
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O filme é distribuído pela Arco Iris, empresa de Lassalvi e Mário Leopoldo dos Santos, cujo executivo de vendas é um veterano da cinematografia, Inamir Muchenski, ex-Rank Filmes. Ele está distribuindo uma circular aos exibidores com entusiásticos adjetivos, lembrando que "O Menino da Porteira" tem quebrado todos os recordes de bilheteria, obtendo em sete dias um faturamento que normalmente o cinema não consegue em um mês de boa programação. Ontem, o filme foi lançado nos cines Marajoara e Avenida, de Lajes e no próximo dia 29 estará em Itajaí, nos cines Itajaí e Rex. Em Curitiba, "O Menino da Porteira" permaneceu mais de um mês no Opera, ali atingindo a maior bilheteria da história daquele cinema.
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Sérgio Regis, ator e co-produtor do filme, é o exemplo do artista que conseguiu bons dividendos ao se voltar para a simplicidade do Interior. Lançado como cantor de música jovem há 10 anos ("Coração de Papel") não conseguiu nenhuma projeção mas ao decidir pela música sertaneja, de boa qualidade, encontrou um amplo mercado. Hoje é um dos campeões de vendas da RCA Victor e sua agenda de compromissos em feiras agropecuárias, em todo o País, está preenchida por 120 dias. "O Menino da Porteira" - inspirado na toada de Teddy Vieira e Luizinho - foi dirigido por Jeremias Moreira Filho que, entusiasmado com o sucesso, já está trabalhando em novo filme, estrelado por Sergio e baseado numa canção da dupla Nonô Basílio/Indio Vagoa: "Mágoas de Boiadeiro".
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Falando em cinema, quem passou por Curitiba, na noite de quarta-feira foi Antonio Roberto Godoy, há seis meses na direção geral no Brasil da Filme Center. Com experiência de 25 anos de cinematografia, Godoy aqui residiu alguns anos entre 1966/70, contribuindo para abertura de novos cinemas - Scala, reforma do Palácio etc., introduzindo também novos métodos de lançamento. Agora, dinamizar a Filme Center, distribuidora pertencente aos empresários Mauricio Goldberg e Enrique Buschell, que residem em Caracas e Buenos Aires, respectivamente. Entre os filmes da Filme Center está "Tommy", de Ken Russel, que será relançado, dentro de algumas semanas, no Cinema 1 - E Sala Excelsior. Falando em bons filmes, hoje, à meia-noite, no Astor, "O Bebê de Rosemary", de Roman Polansky. Em agosto, um mês dedicado a Luis Bunuel, com "O Fantasma da Liberdade" (dia 6) "Viridiana (13), "A Bela da Tarde (20) e "O Discreto Charme da Burguesia" (27).
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