Filme sobre Aids entre as seis estréias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de agosto de 1991
Com seis estréias, a semana abre perspectivas para várias preferências - somando-se a programas que continuam em cartaz. Lamentavelmente, um dos mais interessantes filmes da temporada, "Tampopo - Os Brutos Também Comem Espaghetti", do japonês Juzo Itami (Groff) - que poderia ter um marketing originalíssimo, pela aproximação que faz de um clássico western ("Shane/Os Brutos Também Amam", 1954, de George Stevens) com a gastronomia oriental, não ganhou uma segunda semana, substituído por "O Céu que nos protege" de Bertolucci - que na semana passada já havia cortado a carreira de "Stelinha", de Miguel Borges Jr. - o melhor filme brasileiro da temporada.
Com força total, repetindo o esquema massificante que acontece desde seu lançamento em julho nos EUA e Europa, "O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final" de James Cameron, a mais cara produção já feita nos EUA (US$ 94 milhões) caminha rápido para recuperar esta soma incrível - da qual só US$ 12 milhões foram gastos com o oferecimento de um jatinho Gulfstream III, a Arnold Schwarzeneger - o mesmo astro do primeiro "Exterminador" (1984) como parte de seu cachê. Com incríveis efeitos especiais, uma história bem desenvolvida - mas que remete a informações que exigem a lembrança da primeira parte, "The Exterminator 2" é daqueles filmes-impacto para permanecer semanas em cartaz com filas quilométricas. Estréia no Cine Plaza.
Ladrões de Sabonete (Ladri Di Saponette), do italiano Maurizio Nichetti, se coloca no outro lado da moeda: uma comédia que tem justamente o universo do cinema como cenário, produzido em 1989 e que veio para a penúltima Mostra Internacional de cinema, esta comédia apesar de 9 premiações obtidas na Itália, EUA, Canadá, URSS, Suécia, Inglaterra, Suíça e Alemanha não tem chances de ficar mais do que uma semana no Astor - que o programou apenas para as sessões das 20 e 22 horas. A tarde, ali está o desenho animado de longa-metragem, dublado em português, "Todos os Cães Merecem o Céu" (All Dogs Go To Heaven), de Don Bluth - dos estúdios ligados a Steven Spielberg, para quem já realizou outros filmes de animação.
Embora as férias estejam distantes - e nem irá acontecer o cívico feriadão de 7 de setembro (que cairá num sábado), o programador da Vitória Cinematográfica parece acreditar que a garotada está de folga: no Itália, substituindo ao interessante "Rosalie Vai às Compras" do alemão Percy Adlon (e que justificaria mais uma semana) estréia a enésima versão de "As Aventuras na Ilha do Tesouro", baseada no clássico de Robert Louis Stevenson e com Charlton Heston, Oliver Reed e Christopher Lee - três respeitáveis atores, a frente de grande elenco, com direção do filho de Charlton - Fraser. Charlton, anos atrás, andou tentando dirigir mas os resultados o levaram a continuar apenas como (excelente) ator.
Cortina de Fogo, mesmo com toda sua ação, não alcançou a renda necessária e assim passa para o Lido II, enquanto no condor estréia "A Arma Perfeita", "Ghost", é claro, permanece firme no Lido I.
Meu Querido Companheiro (Ritz) chega precedido dos melhores elogios: é um filme sério, adulto, premiado pelo público do Sundance United States Filme Festival em 1990 e enaltecido pela crítica americana pela abordagem honesta que faz da doença da Aids. Filme de estréia de Norman René, "Longtime Companion" começa no verão de 1981, com um grupo de homossexuais masculinos reunidos na badalada praia de Fire Island, costa Leste americana e reduto de gays. Naquele dia um dos integrantes do grupo lê a primeira reportagem publicada no New York Times sobre um "estranho tipo de câncer" que atinge homossexuais. A partir desta seqüência, o filme acompanha em seus 110 minutos o grupo, terminando em 1989 quando a Aids já é o flagelo deste final de milênio. Com um elenco desconhecido - Stephen Caffrey, Patrick Cassidy, Brian Cousins, Bruce Davison (que foi indicado ao Oscar-91 de melhor coadjuvante), John Dosset e outros - "Meu Querido Companheiro" é um filme importante, digno de ser visto por platéias interessadas num dos problemas que hoje ameaçam não só os gays, mas a todos.
Mr. One - O Selvagem de Nova York (King of the Streets), do diretor (Edward Hung) e com bom elenco (Brett Clark, Pamela Saunders e Reggie Dem-Morton) é a sexta estréia da semana, que tem entre as boas opções ainda em exibição "Boda Branca", de Jean Biseeau (Luz) e as reprises de "Robin Hood, o Príncipe dos Ladrões" (Cinema I) e "O Reverso da Fortuna" (Cine Guarani).
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