E Curitiba não verá o filme sobre Gurdjieff
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de junho de 1986
Curitiba não verá um dos cult movies mais importantes dos últimos anos: "Encontros com Homens Notáveis" de Peter Brook, baseado no livro de Georges Ivanisvitch Gurdjieff, filósofo e doutrinador, com milhões de seguidores em todo o mundo. Infelizmente, as negociações entre Francisco Alves dos Santos, coordenador da área de cinema da Fundação Cultural e o Instituto Gurdjieff, em São Paulo, não tiveram happy end e as cinco projeções do filme, marcadas para o domingo passado, 8, foram canceladas.
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A única cópia existente no Brasil de "Encontros com Homens Notáveis" foi importada pelo Instituto Gurdjieff - que funciona em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. As exibições tem sido restritas, apesar do grande interesse do público melhor informado em conhecer este filme rodado em 1978 no Afeganistão, com Terence Stamp, Dragan Maksimovic e Warren Mitchel - e que desde sua estréia, em abril de 1979, no Surf Theater, de San Francisco, tem provocado uma série de críticas, variando de "filme seco da busca pela verdade" (Stanley Eichelbaum, "San Francisco Examiner") até uma "evocação linear da busca do conhecimento por um homem" (Kevin Star, também do "San Francisco Examiner").
Brook, 61 anos, o mais importante diretor do teatro inglês nos anos 60 e cineasta bissexto, fazendo difíceis adaptações de obras de Margueite Duras ("Duas Almas em Suplício/Moderato Contabile" 60), "Marat/Sade" (66), "Rei Lear" (71) e "Carmen" (84), ficou fascinado pelas idéias e vida de Gurdjieff, de origem russa falecido em Paris, em 1949. Em 1920, Gurdjieff apareceu na Europa Ocidental, após ter passado 20 anos buscando através do Oriente Médio e da Asia Central respostas para suas perguntas sobre o significado da vida humana.
Baseado em seu livro, "Encontros com Homens Notáveis" (editado no Brasil pela Editora Pensamento), Brook fez um filme extremamente respeitoso as idéias do autor e que teve exibições de sucesso em vários países - e que no Brasil chegou pela primeira vez na edição de 1981 da Mostra Internacional de Cinema, organizada pelo crítico Leon Cakoff, da "Folha de São Paulo".
Agora, com uma cópia importada pelo Instituto Gurdjieff, houve a tentativa de Francisco Santos em trazer este cult movie para ao menos 5 projeções - além de uma sessão privada no Templo Amorc, da Ordem Rosa Cruz. Infelizmente, dois problemas inviabilizaram o evento: a exigência do Instituto Gurdjieff em cobrar uma taxa mínima de Cz$ 3 mil (Chico havia oferecido 50% da renda) e a coincidência de jogo do Brasil x Argélia no domingo.
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