Diane Schuur e Riviera na noite curitibana em 1989
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de outubro de 1988
Paquito Riviera e Diane Schuur em Curitiba?
Pode ser. Eles e outros nomes maiores do jazz. E não para apresentações no Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, mas sim para privilegiados que puderem pagar um consumo mínimo de Cz$ 10 mil por cabeça (no mínimo), na futura boate do Hotel Bourbon (ex-Iguaçu), que inaugura nas próximas semanas. Nesta primeira etapa, nem a boate, nem o piano bar, estarão funcionando - adiados para o primeiro trimestre de 1989. Em compensação, o grupo Veronessi, de Londrina, conta que já conseguiu firmar um acordo operacional com o Maksoud Plaza Hotel, que viabilizará a vinda a Curitiba, por duas noites em cada temporada, dos grandes nomes internacionais que passam por São Paulo para exclusivas apresentações no "150", o mais sofisticado ambiente da noite brasileira - e que desde sua inauguração tem apresentado o que de melhor existe na música internacional, especialmente o jazz.
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Durante sua última e trimestral circulada por Nova Iorque, o milionário Guy Manoel, dono da Sigma /Data Service e presidente do Blue Note Jazz Club, numa de suas esticadas nos jazzísticos ambientes da Big Apple, ouviu do próprio Paquito Riviera, saxofonista dos mais famosos nestes últimos anos, a notícia de que ele já tem contrato assinado para uma temporada no "150", "e também em uma nova boite que vai ser inaugurada numa cidade do Sul do Brasil". Paquito não lembrava-se do nome, mas pela descrição, deverá ser o night club do Hotel Bourbon.
As ligações de Paquito com o Brasil têm crescido, especialmente pelo seu entusiasmo com o pistonista brasileiro Cláudio Roditi, integrante de seu conjunto e que além de participar de cinco das oito faixas de seu último elepê ("Celebration", CBS), é o autor das faixas "High Tude" e "We (To Kristen and M)", para as quais também fez os arranjos.
Agora empresariado por Helen Keane - que durante anos foi a "personal management" do pianista Bill Evans (1929-1979), acompanhando-o inclusive quando esteve em Curitiba, há 10 anos, Paquito Riviera atravessa uma fase esplêndida, como mostra nas belas faixas de seu novo elepê.
Outro grande nome do jazz moderno - e que só agora começa a se tornar conhecido no Brasil - é Diane Schuur, considerada uma nova Ella Fitzgerald. Agradou tanto em sua participação no IV Free Jazz Festival (setembro/88, São Paulo / Rio de Janeiro) que já foi cogitado seu retorno para temporada no Maksoud. Caso confirmada, seria outra das atrações para vir ao night club do Bourbon - caso, realmente, se consolide o projeto. Cega pouco depois de nascer, já aos 2 anos Diane se escondia no armário de sua casa tentando imitar Dinah Washington (1924-1967). Aos seis anos entusiasmava família e amigos com sua precocidade musical e aos 12 estava em clubes noturnos. Aos 16 compunha e em 1975 foi um sucesso no Festival de Monterrey. Após "Timeless" (1986), ter recebido o Grammy de melhor cantora do ano, Diane estourou - e seus álbuns - com Count Basie (de cuja orquestra foi crooner por muito tempo) e mais os solos ("Schuur Thing", "Deedless", entre outros), agora chegam ao Brasil, ajudando a popularizá-la ainda mais, em lançamentos da CBS.
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Como o night club do Hotel Bourbon está ainda na promessa, vamos ao imediato: o Habbeas Coppus (Rua Dr. Murici, 947) que abre hoje suas portas, também pretende ser uma excelente casa de jazz. Para isto conta o bom gosto das sócias Siboney Dorémi (veterana diretora de casas noturnas, grande tarimba) e da cantora-acordeonista Sandra Alves. O sócio-investidor, que garantiu os muitos milhões para a sofisticada casa noturna, Sérgio Bittencourt Martins, é ao lado de suas bem sucedidas atividades empresariais na construção civil, um curtidor da melhor música. Com tudo isto, o trio está disposto a pagar bons instrumentistas e trazer o que há de melhor - a começar por Leny Andrade, a nossa maior cantora jazzística, hoje mais famosa em Nova Iorque que no Brasil - mas que não perde sua brasilidade.
As reuniões do Blue Note Jazz Club - que ajudaram a movimentar o "505", durante algum tempo, passarão a se realizar no Habbeas Coppus, a partir de dezembro.
LEGENDA FOTO - Paquito Riviera, um sopro renovador do jazz, vem ao Brasil novamente em 1989 para uma possível temporada no night club do novo Hotel Bourbon.
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