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Aramis

Em busca dos filmes perdidos

Paulo Emilio Salles Gomes, nome que dispensa maiores apresentações mas que, nunca é demais repetir, foi um dos criadores da Cinemateca Brasileira e primeiro Doutor em Cinema - com sua tese sobre Humberto Mauro (trabalho que lhe valeu o Troféu Estácio de Sá, do MIS-GB), há dois anos, usou, na primeira sessão do IV Encontro dos Pesquisadores do Cinema Brasileiro, duas expressões pouco felizes: "em busca dos filmes perdidos" e necessidade de "reviver a memória nacional". Num encontro realizado quase bissextamente - "hoje estamos aqui, graças ao apoio da Sociedade Brasileira Para O Progresso da Ciência, mas não sabemos quando nós iremos ver novamente", disse Cosme Alves, conservador da Cinemateca do MAM-BG, aos 16 participantes - representando todas as regiões do País - sentiu-se, mais uma fez, a importância do cinema como fator cultural, através da exibição de filmes representativos de vários ciclos (Recife, Campinas, [gaúcho], etc.) e, sobretudo, o empenho de pesquisadores em descobrirem antigas cópias e, num difícil e caro processo, salvarem as memórias animadas do passado. Se há atualmente um interesse dos homens (poucos) que animam as atividades cinematográficas culturais do País pelo passado, isto é acontecimento dos mais importantes: os filmes que o paranaense João Baptista Groff (1897-1970) rodou entre os anos 20 e 30, assim como outros pioneiros (Anibal Requião, Eugênio Felix, etc.) transformam-se em preciosos registros de uma época em nosso Estado. Aquilo que, quando de sua realização, era um cinema comercial - simples cine-jornais - passam a interessar estudiosos de história contemporânea de outros Estados, assim como os cine-jornais rodados em Juiz de Fora ou João Pessoa, feitos nos anos 30, também tem um novo sentido visto com olhos sensíveis de agora. Do (importante) encontro promovido pela Sociedade Brasileira Para O Progresso da Ciência - que em seus 26 anos, pela vez primeira abriu uma secção especialmente para os pesquisadores de cinema - uma coisa, de princípio, ficou certa: aquilo que durante algum tempo foi tarefa de raros idealistas, com seus recursos próprios, é hoje missão das mais importantes - a qual o Governo, através de seus órgãos específicos, deve se voltar a curto prazo. Como a Fundação Cultural de Curitiba já, há alguns meses, vem fazendo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
20/07/1974

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